Superache

Superache

“[O meu primeiro álbum] Kid Krow (2020) foi como eu me apresentei ao mundo, com muita angústia adolescente”, diz Conan Gray ao Apple Music. “Superache é um pouco mais autoconsciente. Tive tempo para refletir sobre a vida, são os meus 20 e poucos anos.” Boa parte do segundo álbum do pop star foi escrita em casa, durante o período de isolamento da pandemia – na cama, no chão da sala –, com Dan Nigro, produtor de Olivia Rodrigo. É o retrato de um amadurecimento que explora o desejo (“People Watching”) e amizades românticas platônicas (“Best Friend”). “O tema dominante deste álbum é a dor que não vai embora – esse período de luto que quase é bom. Você mergulha na dor, chora e escreve todas essas músicas; você fica muito irritante,” ele ri. “É isso o que é Superache [Superdor]. Eu queria que tivesse também um pouco de humor.” Da mesma escola de composição de Taylor Swift, Superache é um álbum com faixas que falam direto ao coração (“Astronomy”), pop rocks explosivos (“Jigsaw”), baladas no estilo Harry Styles (“Yours”) e músicas para cantar de olho fechado (“Memories”). Sem dúvida é um projeto ambicioso e melodramático, mas também é gratificante. “Espero que as pessoas se sintam menos sozinhas ao ouvir este álbum. É por isto que comecei a compor: eu era um garoto solitário e achava que não conseguia entender as pessoas”, diz ele. “Estar vivo é algo confuso, e tudo bem sentir emoções absurdas e conflitantes o tempo todo.” A seguir, Conan Gray comenta o seu segundo álbum, faixa a faixa. Movies “Acho que escolhi ‘Movies’ para abrir o álbum porque é uma música sobre estar em negação. Durante grande parte da minha adolescência, e boa parte da minha vida, eu me esforcei muito para me apaixonar de uma maneira normal. Eu queria o clichê da comédia romântica. Eu queria aquele amor bobo, falso e perfeito, porque eu cresci vendo isso. Nos últimos anos, eu percebi que não quero mais isso. Neste álbum, quis mostrar o processo dessa descoberta.” People Watching “‘People Watching’ foi um momento muito importante na criação de Superache. A verdade é que escrevi este álbum quando eu não estava apaixonado. Eu não tinha quase nenhum interesse romântico. Durante toda a minha vida, eu fui mais observador do que participante. Eu observava as pessoas. Como é se apaixonar? Eu escrevo essas músicas porque estou tentando entender.” Disaster “‘Disaster’ é um pouco diferente do resto do álbum. Eu queria que a música soasse como se você estivesse pensando demais, que refletisse aqueles momentos em que você está com uma pessoa, tentando decifrar se ela gosta de você e se você deve dizer a ela o que sente. Então eu queria que a música fosse bem acelerada, com sintetizadores e bateria marcantes, como um diálogo bem rápido.” Best Friend “A música é sobre vários amigos meus. Como eu nunca tive um relacionamento romântico, os meus amigos são a coisa mais importante de toda a minha vida. Era algo que eu tinha que dizer no álbum, senão seria um retrato impreciso dos últimos anos da minha vida.” Astronomy “Eu coloquei ‘Astronomy’ depois de ‘Best Friend’ [melhor amigo] porque ‘Astronomy’ é sobre a minha melhor amiga. Meu maior medo é perder os melhores amigos, principalmente a minha melhor amiga de infância. Isso não faz sentido, porque eu a conheço melhor do que ninguém e vice-versa. Na ponte, eu digo: ‘Stop trying to keep us alive / You’re pointing at stars in the sky / That already died’ [‘Pare de tentar nos manter vivos / Você está apontando para estrelas no céu / Que já morreram’]. Quando você olha para o céu à noite, você vê as estrelas, mas muitas delas nem estão mais lá. Esse é o momento em que você termina uma amizade ou um relacionamento e percebe que a única coisa que tem a dizer é o que você fez no passado. Não há nada de novo e não sobrou mais nada.” Yours “Dan [Nigro] e eu estávamos ao piano, e ele começou a tocar a melodia, que me pegou. E eu comecei a cantar: ‘Somebody you call when you are alone...’ [‘Alguém para quem você liga quando está sozinho’]. Naquela época, eu sentia um amor irritante e persistente por alguém que eu achava que era a pessoa mais importante da minha vida. Mas a recíproca não era verdadeira. Eu queria que o refrão fosse bem simples e se repetisse, do tipo: ‘Bem, eu não sou seu, e eu quero mais, mas isso não vai rolar’. Eu queria que ficasse bem claro.” Jigsaw “‘Jigsaw’ é a único momento do álbum em que eu precisava dizer como é irritante tentar agradar alguém que você ama, não importa quem seja. Você se sente pressionado a agradar a pessoa e a se tornar quem ela quer que você seja. Acabei entrando nessa discussão com uma pessoa e fiquei muito irritado – o tipo de raiva que faz você chorar, e você se sente muito idiota porque está com ódio, mas está chorando. Esta faixa era para ser só uma música acústica e triste. Eu toquei para Dan [Nigro] e falei: ‘Eu quero esta música bem alta’.” Family Line “A música é sobre gerações de pessoas magoadas que transmitem essa dor para os filhos, que por sua vez a repassam para os próprios filhos. Quando eu era criança, me diziam que eu teria um tipo de vida muito específica e que o meu futuro não seria promissor por causa do meu passado. ‘Family Line’ é a minha resposta: ‘Isso realmente não importa. Eu posso ser quem eu quiser’. Eu estava com muito medo de dizer isso – e foi por isso que eu precisava colocar para fora.” Summer Child “A minha geração adora agir como se tudo estivesse ótimo. A gente fala sobre dor de modo muito sarcástico. Nós realmente não nos aprofundamos e rimos disso. A gente cria essa fachada para tornar as coisas um pouco mais fáceis. Em ‘Summer Child’ eu reconheço que a gente tende a criar uma versão de nós mesmos porque achamos que assim é mais fácil as pessoas digerirem. Mas, muitas vezes, isso é algo que existe só na nossa cabeça. Todo mundo é perfeitamente adorável do jeito que é.” Footnote “‘Footnote’ é a minha música favorita do álbum. Ela trata de algo que eu nunca havia tratado antes. Não é uma música sobre um fim dramático de relacionamento, com gritos, choro e portas batendo. Não é sobre isso. É sobre as consequências disso. Quando o ex escrever a história da própria vida, você vai ser só uma pequena nota de rodapé [footnote]. Tanto no amor quanto na música, o que geralmente conta é a grandiosidade e o barulho. Esta faixa é sobre a percepção tranquila de que você vai dar um passo para trás e deixar rolar.” Memories “‘Memories’ foi a última música que escrevi para Superache. Eu queria usar esta frase que já ouvi várias vezes em comédias românticas: ‘Ah, eu espero que você fique na minha lembrança para sempre. Eu te amo. Nunca me deixe’. Eu queria pegar essa frase e desconstruí-la completamente: ‘Quer saber? Eu realmente queria que você ficasse só na minha lembrança e não existisse no meu presente. Eu não quero você agora. Vá embora’.” The Exit “Eu queria terminar o álbum com ‘The Exit’ porque ela resume bem o álbum. Ela fala sobre perceber que todos ao seu redor estão seguindo em frente, mas você ainda está na saída, refletindo como todo mundo lida bem com isso e como conseguem levar a vida depois de uma decepção amorosa. Isso sempre me deixa perplexo. Eu sou mais devagar. Eu fico quieto, escrevo músicas e penso.”

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