UNHEALTHY (Deluxe)

UNHEALTHY (Deluxe)

Durante a pandemia de Covid-19, Anne-Marie decidiu fazer terapia. A experiência foi tão transformadora que a cantora e compositora, nascida em Essex [Reino Unido], decidiu nomear seu segundo álbum, de 2021, como Therapy [em português, “terapia”]. Mas ela começou a se sentir estável até demais. “Depois disso eu pensei: ‘Nossa! Estou muito tranquila, equilibrada e eu me conheço’”, revela ao Apple Music. “Perdeu a graça. Quero fazer loucuras, me sentir muito triste e com muita raiva. Acho que é por isso que UNHEALTHY [em português, “pouco saudável”] fez tanto sentido para mim, expus minhas imperfeições e me permiti sentir tudo aquilo que antes achava que não deveria.” Em UNHEALTHY (2023), seu terceiro álbum, Anne-Marie Nicholson relata a transição de um relacionamento turbulento para uma nova história de amor. A estrela pop aceita suas falhas e ainda se diverte com elas (“GRUDGE” expõe com sagacidade o fato de não ter conseguido ser uma pessoa melhor). Mas o álbum também traz rebeldia contra quem quer que diga a Anne-Marie o que fazer e aversão à imagem tantas vezes estereotipada de uma estrela pop feminina (compare a capa perfeccionista de Therapy com a de UNHEALTHY). “Eu quis mover essa energia e me livrar de qualquer expectativa que as pessoas tivessem sobre mim”, acrescenta Anne-Marie. O álbum oscila entre pop rock (“HAUNT YOU”), country (na faixa-título, com Shania Twain) e delicados acordes (“KILLS ME TO LOVE YOU”). Há também grandes baladas (como “NEVER LOVED ANYONE BEFORE”), com toques de “Mambo No. 5,” do musical Oliver! e do álbum reputation, de Taylor Swift. Talvez a verdadeira premissa, no entanto, é que Anne-Marie só poderia ter escrito UNHEALTHY ao atingir seu estado mais feliz e saudável. “Foi tipo: ‘Eu posso me perder de novo, mas agora tenho condições de lidar com as minhas dores’”, explica a artista. “O que vale é sermos donos das nossas mentes, seja no caos ou no equilíbrio. Precisamos perder o controle para, um dia, descobrir quem realmente somos.” A seguir, Anne-Marie mergulha em seu terceiro álbum, que vai do “caos” ao “equilíbrio”, com o poder que ela encontrou ao explorar suas tendências “menos saudáveis”: O caos: No início, a palavra “unhealthy” era sobre comida. “Fui a Los Angeles para gravar e não conseguia parar de pensar nesta cena: eu comendo sanduíches e fumando cigarros (com a gordura escorrendo pelo meu queixo), além de sorvete, donuts e tudo que me faz mal. Sou teimosa, mas já me preocupei demais em agradar os outros. Então pensei: ‘Não importa, vou fazer o que eu bem entender.’ E se eu quiser comer hambúrguer quando estiver gordinha, vai ser exatamente isso. A capa acabou ficando diferente do que eu havia imaginado, mas mostra que não sou certinha. Quero ser uma garota normal. Voltei à infância, algo que senti que havia perdido no álbum anterior. Antes das fotos pensei: ‘O que as crianças fazem nas janelas dos carros? Elas esmagam o rosto!’ Foi a coisa mais infantil que pude fazer.” Então “unhealthy” passou a ser sobre relacionamentos. “O que você come, suas rotinas de TOC e seus pensamentos podem ser pouco saudáveis. Durante a gravação em LA, também abordamos os relacionamentos. Entender que não é saudável quando seus amigos e parentes não aceitam totalmente a pessoa que está com você. ‘Não, meu bem, não é a pessoa certa. Não é bom o suficiente. Você pode encontrar alguém melhor.’ Eu quis expressar que cada um deve fazer o que quiser, e se a pessoa não for ideal, resolver e aprender a lição. A faixa-título, com Shania Twain, fala sobre isso.” Eu também posso ser “unhealthy” em relacionamentos. “Para ser sincera, um relacionamento pouco saudável também pode acontecer se eu for completamente obcecada por alguém. Com ‘OBSESSED’, eu voltei aos tempos dos musicais e não conseguia parar de pensar na música ‘I’d Do Anything’, de Oliver!. Nos EUA, entrei no estúdio e disse achar que o refrão deveria ser: ‘I’d do anything for you, boy, anything’ [‘Eu faria qualquer coisa por você, garoto, qualquer coisa.’]. Acho que o musical não ficou tão famoso por lá. Eles disseram: ‘Nossa! Isso é incrível!’ Eu me sentia realmente no controle [neste álbum]. Em ‘CUCKOO’, a ideia era dizer: ‘Antes de você entrar nessa comigo, quero que você saiba exatamente quem eu sou. Se você ficar, ótimo; se não ficar, ok.’ Me pareceu poderoso ser assim em um relacionamento desde o início. Assumir e dizer: Sou assim’.” Perdão não é para mim. “Sempre quis escrever uma música sobre reconquistar alguém, mas na terapia eu pensava: ‘Não escreva sobre isso, deixa para lá.’ Então chegamos nesta frase: ‘My therapist said, “Keep calm and don’t react” [em português, ‘Terapeuta disse: mantenha a calma e não reaja’], o resto de 'GRUDGE' surgiu a partir disso. Foi divertido. Procurei na internet as coisas mais malucas que as pessoas já fizeram para reconquistar alguém. Uma pessoa passou um filme plástico em volta do carro do ex contra um poste de luz e eu pensei: ‘Esse é o melhor!’ Tenho tatuagens que trazem ensinamentos dos meus amigos. Uma no ombro diz “Perdão’, em homenagem ao meu amigo Beanie, que é ótimo em perdoar as pessoas. Mas pensei: ‘Não quero perdoar quem me enganou ou passou dos limites.’ A tatuagem está quase removida, pois não quero mais isso na minha vida.” A minha versão do amor é caótica e louca. “Até as músicas românticas deste álbum são malucas. ‘KILLS ME TO LOVE YOU’ e ‘NEVER LOVED ANYONE BEFORE’ são nomes pouco adequados para se falar de amor. Eu poderia compor uma letra linda, com borboletas e floreios, mas não foi o que aconteceu. ‘KILLS ME TO LOVE YOU’ é a minha versão do amor. É a estranha celebração de um romance insano, porque eu estava com alguém que tinha uma visão diferente do amor e isso não deu certo.” O equilíbrio: Finalmente entendi meu valor. “Por muito tempo acreditei que a minha música não agradava outros artistas e isso foi bem difícil. Até que, no primeiro ensaio depois que saí da terapia, surgiu ‘Our Song’ [faixa de 2021], com Niall Horan. E eu pensei, ‘Nossa, isso aconteceu! Ele quis entrar nessa comigo.’ Já em 'UNHEALTHY', eu sabia que a participação da Shania Twain seria perfeita. Quando ela enviou sua parte, fiquei impressionada. Valeu ter alguém como ela em uma das minhas músicas? Sem dúvida. Ela é uma grande estrela [para as mulheres da minha geração] e tem uma longa estrada.” Eu queria retomar o poder. “Em ‘PSYCHO’, eu quis dizer: ‘Dane-se. Talvez eu seja meio maluca, mas adoro ser assim! E também: ‘Cometi loucuras no passado, mas definitivamente não merecia o que passei.’ O piano me lembrou o tema [do filme] A Pantera Cor-de-Rosa, traz a sensação de que algo está se aproximando. Tranquilo e suave, mas com um pouco de suspense. Acho que todos sentimos uma catarse quando fizemos esta música. Foi em uma madrugada e estávamos deitados no chão com uma sensação de liberdade.” Encontrei um amor que nunca pensei que teria. “Escrevi ‘YOU & I’ [com participação de Khalid] para mostrar às pessoas onde estou no meu relacionamento atual. Eu quis finalizar o álbum assim, para que não pensassem que sou mesmo maluca. É uma música linda e estou feliz com a participação do Khalid. A voz dele encaixou com perfeição. Quando ouço ‘YOU & I’, me emociono. Nunca pensei que encontraria um amor assim. Quando você encontra essa pessoa, nada mais importa. Tudo fica bem e a vida se torna mais fácil.” As músicas deste álbum fazem mais sentido porque faço mais sentido para mim mesma. “Visei ser eu mesma ao máximo em cada álbum. Mas, para ser sincera, no primeiro, ainda não sabia quem eu era como artista. Estava apenas fazendo música. O segundo foi sobre ser realmente sincera com o que aprendi na terapia. Mas parece que o terceiro revela a verdadeira descoberta de quem sou como pessoa. Cheguei a este ponto em que me sinto confiante, me amo e estou feliz. E acho que isso se reflete nas músicas. O que quero que as pessoas aprendam? Que a gente não viva para os outros, que a gente aceite quem nós realmente somos sem medo. Espero que as pessoas se sintam fortalecidas para ser elas mesmas, fazer o que quiserem e sair de relacionamentos nos quais se sintam infelizes.”

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