ATUM

ATUM

Anunciado como a última parte da trilogia de álbuns composta pela obra-prima Mellon Collie and the Infinite Sadness, de 1995, e Machina/The Machines of God, de 2000, ATUM (2023) pode ser descrito como o fruto da celebrada (e complicada) história do grupo The Smashing Pumpkins. O projeto reforça a crença de que poucos artistas operam com o mesmo nível de ambição de Billy Corgan, habitualmente bem-sucedido no desafio de escrever grandes discursos. Afinal, ele faz com que uma obra certamente trabalhosa (uma peça conceitual de 33 faixas dividida em três atos) pareça uma tarefa fácil. Para Corgan, esta habilidade é praticamente uma segunda natureza, mas vale destacar que a proposta de escrever uma ópera rock não surgiu do nada. Corgan começou a criar as peças de ATUM em 2018, quando recuperou o próprio equilíbrio ao se aventurar no rock raiz de SHINY AND OH SO BRIGHT, VOL. 1, após receber o guitarrista James Iha de volta na banda. O enredo intergalático da faixa “Alienation”, que Corgan revelou no seu podcast Thirty-Three (onde apresentou novas faixas e contou a história do álbum pouco tempo antes do lançamento oficial) foi um ponto de partida significativo para se imaginar a extensa narrativa de ATUM. Com duração de quase duas horas e meia, ATUM oferece uma combinação complexa de temas distópicos, que vão dos perigos da tecnocracia e do fatalismo à permissividade com que se suprime a liberdade de expressão. Diga o que quiser, mas ninguém pode negar que Corgan está sendo ele mesmo. Embora não seja necessário acompanhar a história de ATUM (a trajetória de um rockstar chamado Shiny, que foi exilado no espaço), fazer isso enriquece a experiência de escutá-lo. Ou, no mínimo, ajuda a fazer conexões abstratas sobre como Corgan confronta sua própria mitologia através do personagem. Mais fácil de entender, no entanto, é sua grandiosidade sonora, que deixa uma marca logo na extravagante faixa-título, uma abertura space rock que conta com o acompanhamento do piano de Mike Garson, frequente colaborador de David Bowie. O uso de sintetizadores vintage permeia toda a obra, acrescentando uma camada gótica a faixas como “With Ado I Do” e “Fireflies”, que remetem ao electro-pop de CYR, de 2020. Da mesma forma, “Space Age” e “The Canary Trainer” evocam as baladas soft rock oitentistas. Vem então o rock progressivo de “The Culling” e “Sojourner”, que para desgosto dos críticos dos Pumpkins, que preferem ouvi-los tocar como em 1993, lembram o clássico estilo AOR [Adult-Oriented Rock] da banda Styx. Mesmo assim, tem rock de sobra para essa turma também. Enquanto a psicodélica “Empires” parece uma releitura moderna de qualquer faixa de Gish (1991), as batidas do single “Beguiled” e de “Beyond The Vale” trazem uma textura metálica que lembra mais a new wave do heavy metal britânico. Até “Harmageddon”, uma das faixas mais pesadas, testemunha a banda mergulhando no mais puro thrash metal. Existe uma autoconsciência nas composições de Corgan que complementa o brilho triste, ainda que esperançoso, do álbum, provando que os instintos maximalistas do líder dos Pumpkins são mais coerentes quando ele está se divertindo.

Disco 1

Disco 2

Disco 3

Vídeos extras

Selecionar um país ou região

África, Oriente Médio e Índia

Ásia‑Pacífico

Europa

América Latina e Caribe

Estados Unidos e Canadá