Tina Turner despontou como uma cantora talentosa de R&B nos anos 60, mas surpreendeu o mundo na década de 80 com o timbre rasgado e a atitude enérgica que a consagraram como a Rainha do Rock. A transformação, que se deu junto com a superação de décadas de abuso, transformou a artista em ícone da música e uma voz potente contra a violência doméstica. • Filha de operários, Anna Mae Bullock nasceu em 26 de novembro de 1939 no Tennessee, Estados Unidos. Após lapidar sua voz cantando em corais de igreja, ela deixou o estilo de vida pacato da cidade de Brownsville e partiu para St. Louis aos 16 anos, onde entrou em contato com a cena musical negra. • Em 1958, integrou um dos mais celebrados grupos de R&B e soul de St. Louis, The Kings of Rhythm, liderado pelo guitarrista Ike Turner. Deslumbrado com o poder de Tina sobre a plateia, Ike decidiu se lançar em dupla com a cantora. O sucesso veio rápido: em 1960, o single “A Fool in Love” tomou as rádios nos EUA e vendeu um milhão de cópias. • A música alavancou a carreira da dupla, que chegou a fazer seis apresentações em um mesmo dia na casa de shows Apollo Theater, em Nova York. O casamento com Ike veio em 1962, oficializando um relacionamento marcado por abusos físicos e psicológicos. • Juntos, Ike & Tina Turner ganharam destaque na cena musical com uma mescla de R&B, soul, funk e rock. A consagração veio em 1970, com “Proud Mary”, versão incendiária da música do Creedence Clearwater Revival que rendeu um GRAMMY na categoria Melhor Performance Vocal de Grupo. • Em 1975, Tina estreou no cinema com Tommy. O filme, baseado no álbum homônimo do grupo The Who, contou com um elenco de estrelas formado por Eric Clapton, Elton John e Jack Nicholson. Apesar de exibir uma imagem de determinação em performances vigorosas no palco e nas telas, a cantora sofria secretamente com os abusos do marido, até que se separou de Ike em 1976. • A trajetória instável após a separação durou até 1983, quando Tina ressurgiu nos rankings com “Ball of Confusion”, parceria com o duo de synthpop B.E.F., seguida do álbum Private Dancer (1984). O trabalho consagrou a cantora como uma diva do rock com as faixas “What's Love Got to Do With It” e “Better Be Good to Me”, venceu quatro GRAMMYs e gerou uma corrida por ingressos para sua turnê mundial. • A partir de então, Tina Turner se tornou um dos maiores ícones musicais dos anos 80. Com a participação no filme Mad Max: Além da Cúpula do Trovão (1985), a cantora fez história no cinema e na música ao dar vida à vilã Aunt Entity e ao potente tema “We Don’t Need Another Hero”. • Com o álbum Break Every Rule, de 1986, Tina Turner se manteve sob os holofotes com “Typical Male”, “Two People” e “Back Where You Started”. O lançamento foi sucedido por uma turnê que quebrou recorde de arrecadação em 13 países, com direito uma apresentação histórica no Maracanã, que sustenta até hoje o título de maior show pago feito por uma artista feminina no país, reunindo cerca de 180 mil pessoas. • A trajetória pontuada por sofrimento e glória resultou em duas autobiografias. Com “Eu, Tina” (1986) e “Minha história de amor” (2018), a cantora se tornou uma importante voz na luta contra a violência doméstica. Suas memórias invadiram os palcos do teatro em 2016, com o musical Tina: The Tina Turner Musical.