O EP Cottonwood, primeiro trabalho oficial do rapper NLE Choppa, foi lançado em 2019 e incluía seu primeiro grande sucesso, “Shotta Flow”. Mas à medida que sua carreira avançava, incluindo o álbum de estreia Top Shotta (lançado em 2020, quando ele tinha apenas 17 anos), ele sentia que havia algo de errado com aquela primeira impressão. “Não era um álbum, era algo curto e agradável que eu queria oferecer para os fãs”, explica ele em entrevista a Nadeska para o Apple Music. “E mesmo assim senti que não dei o meu melhor no sentido de tentar escolher as melhores músicas ou lançar os melhores vídeos, ou, ainda, em relação ao marketing. Mas foi um projeto de ouro e rendeu números impressionantes. Eu pensava: ‘Imagina se eu montasse um projeto no qual me dedicasse até ficar exausto e tivesse certeza de que fiz o meu máximo na divulgação, no marketing, chegar ao estúdio às 9h e ficar até as 7h do dia seguinte’. Sei que estou prestes a ter um ano de sucesso multiplicado por 10.” O resultado é o álbum com 22 faixas lançado na sequência: Cottonwood 2 é um exemplo raro de uma jovem estrela que chegou ao sucesso repentinamente, mas com autocontrole e sabedoria que vão além dos seus 20 anos. “Quando você é jovem e está ficando famoso, tem tudo que quer. Foi difícil equilibrar tudo e ter disciplina e humildade”, afirma. “Eu não estava cuidando do meu corpo direito. Não estava me mantendo firme na fé como antes. Então não falharei agora, porque sei como é estar na pior. Estou tipo: ‘Ei, quando eu estiver novamente no topo, vou me manter lá. Nunca mais vou voltar atrás’”, conclui. Essa mesma disciplina se refletiu no estúdio, com o artista chegando mais preparado e improvisando menos. “Vou ser sincero. Eu estava improvisando muito porque estava com a consciência alterada”, conta. “Tinha ansiedade relacionada ao tempo. Então eu nunca me sentava para aperfeiçoar nada. Eu não estava fazendo minha melhor música. E, ainda assim, eu estava lançando sucessos. Mas agora estou com a mente sóbria, então estou ligado em tudo. Sei que se precisar passar três horas aperfeiçoando uma música em vez de refazer uma ou outra gravação, estou disposto. Porque sei que é isso que fará a música ficar melhor. Prefiro passar o dia escrevendo uma música e chegar ao estúdio com o flow já bem ensaiado, porque assim consigo gravar pelo menos quatro músicas em uma noite. E elas têm a chance de ficarem perfeitas, porque as escrevi antes de entrar no estúdio.” Leia as reflexões de NLE Choppa a respeito de algumas faixas de Cottonwood 2, incluindo a colaboração com seu herói, Lil Wayne: DO IT AGAIN “Era tão fresca e tão nova. Eu nunca ouvi uma batida como aquela – o sample de Rose Royce com batidas no estilo Jersey club. Quando eu ouvi, pensei: ‘Ok, estou com um sentimento bom a respeito disso’. E desde então estão surgindo coisas novas para mim, às quais eu não estava acostumado. É tão novo e fresco. ‘DO IT AGAIN’ foi uma dessas primeiras gravações e pensei: ‘Estou novamente onde preciso estar. Estou no ponto. Estou no trilho’”. AIN’T GONNA ANSWER “Foi a realização de um sonho. Lembro que estava em casa assistindo ao [Lil] Wayne na TV, no YouTube. Sempre fui obcecado pela sua autenticidade. Ele não é ninguém além dele mesmo. Lembro que estava em Miami, gravando, e ouvi o sample de ‘Back That Azz Up’, do Juvie [o rapper Juvenile]. E comecei a escrever em cima. Lembro de gravar o verso e o gancho. Olhei ao redor e Ben Billions, que produziu, disse: ‘Ei, deixe o segundo verso aberto. Tentaremos chamar o Wayne’. Respondi: ‘Isso está fora de alcance, cara’. Então deixei o segundo verso aberto, fui para casa e estava obcecado pela música. Um ou dois meses depois, eu estava no mercado comprando frutas. Eu estava em uma dieta de frutas, consumindo apenas frutas. Prestes a finalizar minha compra, Aaron Bay-Schuck, CEO da Warner Records, me ligou e disse: ‘Ei, tenho uma surpresa para você: o Wayne fez aquele verso. Ele deu para você o melhor verso que ouvi dele em um bom tempo’. Comecei a gritar. Estava no Whole Foods e todo mundo estava olhando para mim. Vou ser honesto, Whole Foods é uma loja predominantemente branca, então todo mundo estava me olhando com uma cara de ‘O quê está acontecendo?’.” IN THE UK “Minha primeira gravação no Reino Unido. Eu estava lá há apenas dois dias, mas pude dar uma volta e conhecer a cidade. Consegui ver mais o lado dos batalhadores, além da periferia, porque minha família é de lá. É muito louco como todos somos parecidos, todo lugar que a gente vai tem uma periferia. Todo lugar que a gente vai tem dificuldade, todo lugar que a gente vai tem subúrbio. É mais do mesmo; apenas uma cultura diferente. Então ir para lá me trouxe uma percepção diferente. Do mesmo jeito que temos o Apple Music aqui, eles têm o Apple Music lá. É o mesmo, mas a sensação é levemente diferente.” COLD GAME “É o encerramento, eu e [o rapper] Rick Ross. Uma gravação bonita e a música perfeita para fechar com chave de ouro.”