It'll All Make Sense In The End

It'll All Make Sense In The End

“Parece estranho dizer que este é um álbum em que amadureci”, diz James Arthur ao Apple Music. “Eu já tenho mais de 30 anos. Nos álbuns anteriores, porém, eu falava sobre várias coisas diferentes, enquanto as músicas deste álbum tratam de assuntos relacionados – eu me sinto um pouco confuso e em um momento de incerteza na vida”. O quarto álbum do cantor e compositor de Middlesbrough, Inglaterra, começou a ganhar forma por volta de abril de 2020. Em janeiro daquele ano, ele teve que extrair a vesícula biliar em uma cirurgia de emergência, o que interrompeu sua turnê europeia. Apesar de ele ter se recuperado e voltado a fazer shows no Reino Unido e na Irlanda, a pandemia chegou em seguida e o deixou em casa, sem rumo e vivendo com a ansiedade que a Covid-19 provocou em muitos de nós. “Meus problemas de saúde revelaram novamente alguns problemas de saúde mental”, diz ele. “Eu estava em um estado mental estranho. Eu diria que estava entorpecido”. Então ele se enfurnou no seu estúdio caseiro em Surrey durante três prolíficos meses em que compôs sem parar. “Eu tenho um pouco de transtorno do déficit de atenção, então a minha capacidade de prestar atenção é bem difusa”, diz ele. “A música sempre me deixa concentrado e conectado. Quando eu começo, meu foco é total. Eu posso fazer isso por horas. Este álbum é o resultado disso. Foi algo como: ‘Eu tenho que mergulhar nisso ou vou me jogar de um prédio’, por mais triste que pareça.” Essa criatividade catártica transformou-se em 14 músicas que falam sobre a vida com uma sonoridade ampliada e revitalizada pelo seu amor pelo hip-hop, pop-punk e post-hardcore. “Eu sou muito grato por este álbum”, diz ele. “Ele me deu estabilidade e me revigorou. Se você está interessado em saber de onde eu vim e para onde eu vou, este álbum é o mais pessoal para mim”. A seguir, o cantor britânico comenta essa jornada, faixa a faixa. “Running Away” “‘I wanna smoke ’til I can’t wake up’ [Eu quero fumar até não conseguir acordar]. Era assim que eu estava, me automedicando de novo. Eu tenho uma tendência a travar e não conseguir fazer mais nada, desde que era jovem. Depois da terapia, entendi que isso é um trauma de infância – momentos cruciais da minha vida provocaram essa situação. A terapia não funcionava, fumar a noite toda também não funcionava mais. Então, evoquei minha velha amiga – a música – e ela me salvou de novo só de entrar no estúdio com o violão. Eu abordo questões muito sinceras, como Eu tomei muitas decisões erradas. E cantei músicas em que não acreditava. Mesmo as músicas que eu escrevi, eu as escrevia para outras pessoas, não para mim. Mas este álbum é para mim.” “Wolves” “A batida do trap e aquela guitarra no meio do refrão são bem impactantes. Acho que isso é meio uma mistura de Taking Back Sunday e Post Malone. A faixa dá uma boa ideia do que eu quero passar musicalmente com este álbum. Sem dúvida, eu estou dando conselhos para o meu eu mais jovem e para as pessoas que conheço que passaram dificuldades na indústria do entretenimento: ‘It’ll all make sense in the end’ [Tudo fará sentido no final]. Se eu pudesse dizer algo para o meu eu mais jovem, seria: ‘Não se preocupe demais. Não fique tão ansioso. É só encarar a vida que vai dar tudo certo se você for sincero consigo mesmo’.” “Medicine” “Nesta faixa, o amor se sobrepõe à adversidade na busca pelo lado bom das coisas em tempos difíceis. Eu a escrevi com Yami Bell, que é bem importante no álbum. Ele trouxe essa vibe trap. E a produção da faixa foi Red Triangle. Durante meses, nenhum de nós tinha estado com ninguém na mesma sala. Então, rolou uma vibração criativa represada que fluía no estúdio. Foi glorioso fazer isso de novo.” “September” “Um dos objetivos deste álbum era manter a composição clássica que as pessoas esperam de mim, aquela narrativa. Mas a gente quis deixar tudo um pouco mais cool. [A produção aqui] é meio a vibe de guitarra do [Bruce] Springsteen. E os vocais são um pouco mais roucos do que o normal. Se você fizer uma versão dela com violão e for bem exigente, pode parecer ‘Falling like the Stars’ ou ‘Say You Won't Let Go’, coisas que eu tinha feito antes. Este é o meu quarto álbum. A última coisa que quero é ser previsível.” “Always” “Eu cheguei a um ponto como compositor em que deveria colocar o meu braço no ombro das pessoas que passaram pelo que eu passei. E, mais uma vez, colocar o meu braço no ombro do meu eu mais jovem. A minha vida foi salva por um relacionamento, e essa pessoa me apoiou. Tive muita sorte nesse sentido. Esta faixa é prima de ‘Medicine’, que celebra as pessoas que amam você.” “Emily” “Eu entrei no estúdio e pensei: ‘Ah, ter uma criança é uma possibilidade real nesse momento’. Não deu certo, mas na época era uma perspectiva real e, na verdade, eu estava com muito medo. Eu pensava: ‘Que tipo de pai eu vou ser?’. E também: ‘E se ela ler uma coisa dessas? E se ela souber como eu me comportei no passado?’. Eu fiquei meio arrasado na época. Eu quero ser um pai bem legal e exemplar. Isso me deu muito material para trabalhar. Sempre quis que o nome da minha futura filha fosse Emily. Sabe essas conversas que você tem com a sua esposa? Emily Arthur parece um nome muito legal.” “Last of the Whiskey” “Eu me diverti muito nesta faixa. É um verdadeiro fluxo de consciência e uma peça expressiva. A produção é bem leve. O foco é no vocal e na conversa. Parece muito uma noite bem louca que você teve com alguém. Ela soa bem visceral para mim.” “Never Let You Go” “Esta faixa veio bem no final do processo. Foi um dia agitado, trabalhando com [a equipe de compositores e produtores] TMS, que são os maiores hitmakers do Reino Unido. Eu também escrevi a música com Corey Sanders. Ele deu uma vibe meio folk à gravação. Fizemos o refrão logo no começo, e falamos: ‘OK, talvez esta seja uma música meio folk acústico sobre fim de relacionamento’. Daí eu comecei a fazer esse tipo de flow de hip-hop nos versos. Foi a faixa mais difícil de finalizar, mas ela se destaca por ter ficado bem experimental.” “4000 Miles” “Eu gostei de falar sobre os amigos das pessoas. Tem um pouco disso no álbum. Hoje em dia, todo mundo é muito preocupado com a opinião das outras pessoas. Eu nunca tive essa mentalidade. Por isso gostei da sinceridade destes versos [‘I don’t want to knock about with your placebo friends’, ‘Não quero me juntar aos seus amigos placebo’] – eles são fictícios, no que me diz respeito.” “Deja Vu” “Um salve para Ben Jones, que é um dos melhores guitarristas do mundo. O crédito é dele, ele arrasou aqui. Em muitas músicas do álbum a segunda estrofe é completamente diferente da primeira. E então a ideia é: como um rapper ou um cantor de trap abordaria a segunda estrofe? Travis Scott, Post Malone ou Young Thug. Eu abordei como se eu fosse o cantor convidado da faixa. Foi bem divertido e abriu muitas portas para mim.” “Ride” “Esta faixa evoca muitas imagens – carros, fumaça, esse tipo de coisa. Talvez ela seja a que eu mais faço rap. Ou dá para dizer que é uma estrofe de rap. As demais são estrofes de rap, mas musicalmente são pop. As sacadas não são muito profundas, elas são mais focadas no flow e na melodia. Mas aqui tem um pouco do esquema do rap. Drake foi meio que uma inspiração para a primeira estrofe.” “Avalanche” “A gente estava gravando, e acho que eu tinha acabado de cantar o refrão – estava zoando, na verdade. E todo mundo falou: ‘Bem, isso ficou legal. Vamos fazer algo em torno disso’. E ela acabou ficando com uma vibe The Goo Dolls ou Foo Fighters acústico. A gente tentou deixá-la mais trap, como o resto do álbum, mas desse jeito ela quebra um pouco em termos da jornada do álbum.” “SOS” “Eu comecei a cantar a melodia do refrão e parte da letra. Foi tipo: ‘Quão pesado dá para ficar?’. Era tudo o que eu queria fazer, deixar a música a mais pesada possível para que ela ficasse autêntica. É sobre alguém arrasado, que era como eu estava na época. Eu estava um pouco arrasado, um pouco deprimido, um pouco decepcionado, um pouco entorpecido. De certa forma, é uma música de rendição.” “Take It or Leave It” “Eu estou dizendo: ‘Estou arrasado. Eu sinto que as portas estão se fechando. Estou no fim, estou desistindo até da música. Eu nem sei mais se quero continuar. As coisas não são mais como eram antes’. E a verdadeira parte confessional da música está mais no final, quando eu digo: ‘‘It’ll all make sense in the end’ [Tudo fará sentido no final]. Era a maneira perfeita de terminar o álbum. Quero que esse verso provoque arrepios em você. Você vai dizer algo como: ‘Ah, ok, entendi tudo agora’. Ele resolve a jornada e termina de uma forma bem orgânica.”

Outras versões

Selecionar um país ou região

África, Oriente Médio e Índia

Ásia‑Pacífico

Europa

América Latina e Caribe

Estados Unidos e Canadá