Chip Chrome & The Mono-Tones

Chip Chrome & The Mono-Tones

“Alguém precisa ser um líder aqui e acho que, nesse caso, sou eu.” Jesse Rutherford fala sobre as faixas do álbum. “Antes de começarmos a trabalhar neste álbum, questionei a minha opinião sobre nossa música, nossa banda e nossos fãs. Percebi que não sabia a resposta e isso me deixou assustado”, diz Jesse Rutherford, vocalista do The Neighbourhood, ao Apple Music. “Passei nove meses fora da Internet e parei de engolir a opinião de todo mundo.” Foi durante esse período de isolamento que o líder do grupo californiano de rock alternativo começou a compor músicas no violão e passou a desenvolver uma persona que ele chama de Chip Chrome, algo que levou cerca de três anos para concluir. Usando um conjunto de lycra prateado e grillz de brilhantes nos dentes, Rutherford fica praticamente irreconhecível ao assumir esse alter ego inspirado por Ziggy Stardust, de David Bowie – um personagem que refletia os excessos e a fama do seu criador. “Bowie era Ziggy, e Ziggy era um personagem viciadíssimo em cocaína. Eu diria que Chip é viciado em internet, resultado de um vício em redes sociais que vem de anos atrás”, explica o cantor. O resultado é Chip Chrome & The Mono-Tones, o projeto mais maduro e ousado do The Neighbourhood, que deixa para trás os elementos oitentistas do álbum anterior em favor da estética da Califórnia dos anos 70. Aqui, Rutherford nos guia por cada música do novo álbum. Chip Chrome “Era um som que tínhamos há alguns meses e que foi inspirado por THX 1138 [filme dirigido por George Lucas, em 1971]. Ela te leva para um mundo distante e soa muito antiga, e isso é algo que amo. Eu queria conceber essa imagem para Chip. Ela é amigável e interessante.” Pretty Boy “Jeremy [Freedman, guitarrista do The Neighbourhood] injetou tanta emoção nesta faixa. Escrevi a música no violão, sentado no sofá, logo depois de um terremoto. Estava sentado entre meu cachorro e minha namorada, tocando a progressão de acordes, e a letra surgiu logo em seguida. É uma canção romântica, mas há muita desgraça iminente nela. Quando Jeremy a escutou, ele colocou um mellotron passando por sua pedaleira. Todas as vezes que eu ouço a faixa, fico emocionado por causa do que ele acrescentou. Há uma espécie de escuridão zelosa nela.” Lost in Translation “Brandon [Fried], o baterista da banda, é um ótimo músico. Ele entrou de cabeça na onda de fazer beats, procurando vinis antigos em lojas e samples na Internet. Eu e Danny [Parra], que produziu o álbum conosco, ficamos uma noite inteira só vasculhando uma pasta com os samples de Brandon. Estávamos brincando com faixas diferentes, e aí ‘Wish That You Were Mine’, do The Manhattans, começou a tocar. Nós desmembramos a música e a mixamos com o que estávamos fazendo, e o resto foi se encaixando na sequência. Sempre que a escuto, sinto que é tudo que essa banda estava tentando fazer desde o começo do projeto – misturar todos esses gêneros. Mas acho que fizemos isso de uma maneira menos juvenil, e crescemos com isso, então é o que deveria acontecer.” Devil’s Advocate “Nós sempre estamos bancando os advogados do diabo: ‘Bem, e se isso não sair da maneira que esperamos?’ ou ‘Isso poderia acontecer?’ Então, a expressão estava na minha cabeça o tempo todo ao escrever os versos. Há também as comparações que faço com as coisas que vivenciei na minha vida, como ‘Eu quero sair com dançarinas de strip-tease ou quero estar num relacionamento sério?’ Tive essas experiências que podem parecer clichês, mas elas não me satisfazem da mesma forma que as coisas simples da vida. Ainda gosto de um terno bem cortado, mas, neste momento, estou usando uma camiseta branca embeiçada que tenho há dois anos e que amo. Você pode ganhar um prêmio ou algo do tipo, mas isso não vai te satisfazer da maneira que imagina, porque você gasta muito tempo pensando naquilo e não curte o processo que o leva até lá. É impossível desfrutar quando você chega lá, e estou tentando aprender essa lição.” Hell or High Water “Eu e minha namorada somos da mesma cidade, e os pais dela ainda moram lá. Somos do subúrbio, que fica bem distante da... não vou falar realidade, porque isso depende de onde você mora. Mas, no momento, é um tipo diferente de realidade. É importante tentar se conectar com essas partes da sua identidade, e a música country faz parte disso. Passei a gostar mais de Johnny Cash, Dolly Parton e outros artistas do gênero. E aí, um amigo de lá me mandou um filme chamado Hell or High Water [A Qualquer Custo no Brasil]. Me lembrou muito a nossa relação. Ele é meu amigo mais antigo e as coisas ficaram diferentes entre nós nos últimos dois anos. Nos distanciamos, mas ele ainda está lá. Ele tem certos pontos de vista e opiniões com os quais não concordo. Ao mesmo tempo, continuamos tendo uma ligação um com o outro.” Cherry Flavoured “Vejo muito da energia por trás de todo esse projeto do Chip, provavelmente porque era eu tentando ser, tipo, ‘Espera, alguém precisa ser um líder aqui e acho que, nesse caso, sou eu.’ Mas, com o passar do tempo, sinto que as letras são mais para eu mesmo escutar, e não para apontar o dedo para alguém que fica me falando só coisas boas. Acho que eu sou o responsável por colocar panos quentes nas coisas, ou sou aquela pessoa que tenta transformá-las em algo diferente, mas não queria a tarefa ingrata de assumir a minha posição. Mas assim que foquei mais, saí fora da Internet, aprendi a tocar violão e passei um tempo sozinho. Acho que fui capaz de encontrar esse equilíbrio.” The Mono-Tones “Acho que muito desse mundo é construído em torno de ‘clubes do bolinha’ e, se você não faz parte dele, então boa sorte. Admita ou não, mas assim que faz parte de um certo clube, você pode se livrar de alguns problemas e trapacear de certa forma. Pode ser trabalhando numa loja de sapatos no shopping e seu gerente permitindo que você roube um par de tênis a cada duas semanas, porque a empresa nunca vai descobrir e nada vai acontecer contigo. Ou você pode ser um policial que sai matando pessoas negras nas ruas. É parte do trabalho e é nojento, mas está conectado.” BooHoo “É sobre como eu lido com as minhas inseguranças na relação com minha namorada, que é muito popular. Eu era o ator principal da minha vida até ela chegar e, então, precisei aprender a dividir os holofotes. Percebi que não há razão para nos compararmos, pois somos um time. Vamos brincar um com o outro e fazer o melhor para os dois. É uma das partes mais legais de estar neste relacionamento específico com a Devon [Carlson]. Entendemos certas coisas que outras pessoas não conseguiriam entender. Atualmente, parece que todo mundo tem essa ideia de que pode acordar no dia seguinte e virar uma sensação viral, porque essa é a verdade. É o que acontece, então como alguém não vai estar pensando nisso?” Silver Lining “Ela pega a ideia de Chip ser esse personagem pintado e que revela: ‘estou exausto’. O Jesse, o Jesse Rutherford que lhes foi vendido ou dado, desde cedo no The Neighbourhood, que foi adotado pelo público, foi exaurido. Sou eu dizendo: ‘É o último álbum que, tecnicamente, fazemos sob o contrato com a Columbia.’ Não precisa existir mais. Então, muito deste álbum é sobre a desgraça iminente do mundo, mas também sobre o que está acontecendo na minha vida em um nível mais pessoal, com términos de contrato e pessoas amadurecendo.” Tobacco Sunburst “Essa música é um testamento à ir com calma e ao tempo que você deve ter com certas pessoas para fazer as coisas funcionarem de verdade. É uma faixa pesada quando penso nela. Há músicas com mais substância, outras mais pop e existem as informativas. Acho que ‘BooHoo’ e ‘Tobacco Sunburst’ mostram lados completamente opostos.” Middle of Somewhere “A melhor música que já escrevi sozinho. Ela foi lançada, originalmente, ano passado. Assim que isso aconteceu, pensei ‘Beleza, acho que agora sabemos a estética para o álbum.’ Acho que já exploramos todos os gêneros de música: o rock dos anos 70 do Led Zeppelin, pop alternativo, hip-hop da costa oeste, anos 80, Depeche Mode ou qualquer tipo de som movido a sintetizadores. ‘Middle of Somewhere’ foi meio ‘Ah, ok, vamos fazer uma com violão’. Mostrei para os caras e todo mundo, naquele dia, ficou ‘Ok, entendi. Bacana, vamos nessa.’ E ela acabou ficando quase igual à versão original que apresentei para eles. Tentamos colocar baixo e bateria por uns dois ou três dias. E aí, no terceiro dia, todo mundo falava ‘Não, gosto da versão acústica original do Jesse, mas vamos deixar um pouco dessas coisinhas a mais ali.’”

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