Se o Meu Peito Fosse o Mundo

Se o Meu Peito Fosse o Mundo

"No seu segundo álbum, o cantor paulista Jota.pê honra a sua ancestralidade e incorpora vivências com ritmos africanos, MPB e muito suingue. Se o Meu Peito Fosse o Mundo tem direção artística de Marcus Preto, produtor de Gal Costa, Tom Zé e Nando Reis, e produção de Felipe Vassão, responsável por projetos como AmarELO (2019), de Emicida, e Rodrigo Lemos, que trabalhou com A Banda Mais Bonita da Cidade. “Este álbum é muito importante porque é a primeira vez que tenho o apoio de uma gravadora como a Som Livre, então tive tempo para me dedicar e fazer tudo com muito carinho,” conta Jota.pê ao Apple Music. Com participação de Xênia França e da banda Gilsons, o álbum foi gravado na Gargolândia, estúdio localizado no interior de São Paulo. “Foi incrível estar em um retiro gravando com um time dos sonhos. Reunimos nomes como Silvanny Sivuca, Chibatinha, Will Bone, Marcelo Mariano, Kabé Pinheiro, Samuel Silva e Weslei Rodrigo,” conta o artista. A seguir, Jota.pê revela como as músicas de Se o Meu Peito Fosse o Mundo foram criadas. Tá Aê          “A composição é minha e do Theodoro Nagô. Somos dois artistas pretos inspirados pela cultura dos lugares que têm a ver com a nossa ancestralidade. A levada de violão é inspirada em ‘Expresso 2222’ [música de 1972 de Gilberto Gil]. Já a guitarra do Chibatinha tem influência de Cabo Verde, país que sonho conhecer e cuja música tem me inspirado muito. A faixa é uma celebração, fala do presente, do passado e do futuro. Um, Dois, Três      “É uma das minhas composições mais antigas e se tornou um samba desconstruído. Tem um pouco de samba rock, um pouco de samba raiz, mas não tem violão. É a guitarra que conduz tudo. Fala sobre uma paixão que vivi.”                   Naíse                      “A faixa tem participação de Xênia França. É um xote escrito por Nina Oliveira, minha grande amiga e parceira musical, que já tinha gravado a música [como single em 2018]. O forró é um gênero importante para mim, porque, quando eu ainda não tinha público, as pessoas da escola de forró que eu frequentava iam aos meus shows. Foi essa galera que durante um bom tempo me sustentou.” A Ordem Natural Das Coisas “Sou fã do Emicida [coautor da música, ao lado de Damien Seth]. Esse é um dos motivos pelos quais o Felipe Vassão é o produtor do álbum. Há tempos eu tinha vontade de flertar com o rap e também acho importante ter a mensagem desta música no projeto. Eu toco ‘A Ordem Natural Das Coisas’ nos meus shows há bastante tempo, o que foi uma maneira muito legal de me aproximar do Emicida. Ele gostou da minha versão e autorizou a gravação. Isso me deixou muito feliz.”            Ouro Marrom        “É uma das minhas favoritas do álbum. É a primeira vez que eu falo sobre a minha relação com o racismo em uma música. Comecei a composição após ler uma notícia de violência racial que me deixou com muita raiva. Mas em seguida recebi uma mensagem da Bruna Black, minha amiga e parceira musical no projeto Avuá, que falava como a filha dela estava bem e como ela estava feliz com isso. Isso me fez refletir e me lembrou a música ‘AmarElo’, em que o Emicida canta: ‘Achar que essas mazelas me definem/ É o pior dos crimes/ É dar o troféu pro nosso algoz e fazer nóis sumir’. Fizemos apenas uma sessão de gravação para ‘Ouro Marrom’ – e é a que está no álbum. Sou eu sozinho na voz e no violão.” Quem É Juão        “Esta faixa entrou depois de ‘Ouro Marrom’ justamente para quebrar o clima. É uma composição antiga também. Nasceu de uma zoeira. Uma amiga me falou um dia: ‘Nossa, você com esta voz, em cima do palco com o violão e com essas músicas românticas... Deve fazer muito sucesso com as meninas, hein?’. E eu quis explicar para ela, de um jeito engraçado, que não era bem assim. Ela respondeu: ‘São as intercorrências da vida’, e isso acabou entrando na música. Gostei muito do resultado.”   Feito A Maré         “Quando eu comecei a pensar no álbum, foi a primeira faixa que surgiu. Tem muita influência de Mayra Andrade e da música de Cabo Verde. Estava pensando sobre a carreira de músico, cheia de expectativas e dificuldades. Percebi que, para evitar frustrações, eu não estava comemorando mais as possibilidades nem as coisas que realmente aconteciam. Por isso estava me sentindo apático, infeliz. A partir daí voltei a me entusiasmar com as coisas boas. Então, quando eu digo: ‘Cê me rodeia outra vez/ E eu faço festa por te ter de novo’, parece que estou falando de um relacionamento, mas na verdade é sobre reaprender a celebrar as conquistas da vida. E há tempos o José Gil [da banda Gilsons] me procurava para fazer algo juntos, então mandei a música para ele e a gente fez a parceria.” O Que Será Nós Dois “Fala de um momento único. É sobre um casal de amigos que estava pensando em se separar. Como eu sou muito amigo dos dois, acabei me tornando confidente de ambos. E isso não é comum, geralmente a gente fica apenas com a versão de um lado. Então a música traz esse olhar para um relacionamento que está prestes a acabar. E também fala sobre as negociações que estão em jogo.”          Caminhos  “É uma composição minha e do João Cavalcanti, que é um cara de quem sou fã não só como artista, mas também como pessoa. Fiquei feliz por ele ter me procurado para compor juntos. Para a letra, eu comecei a pensar no que de fato eu tinha vivência para escrever. Por isso a primeira frase já diz: ‘Quantas palavras cabem na minha boca’. É uma reflexão sobre a vida. E eu gosto muito da sonoridade e do ritmo desta música. A linha de metais que o Will Bone construiu ficou linda.” Banzo         “A composição é minha e da Nina Oliveira. Foi feita há cerca de nove anos, quando a gente estava em outra fase da vida. Paramos em um parquinho e ficamos observando as crianças brincarem. Eu iniciei os acordes no violão, e a Nina começou a escrever uma letra. O resultado virou uma mistura do que a gente estava vendo ali e dos nossos sentimentos. Tem a ver com o crescimento e com a busca de um lugar no mundo.”

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