Racionais MC's

A carreira dos Racionais MC's é um paralelo da própria história do rap no Brasil a partir do fim dos anos 80, e a influência do quarteto moldou – e ainda dita – a evolução do gênero no país. • Formado em 1988 pelos MCs Mano Brown, Edi Rock e Ice Blue e pelo DJ e produtor KL Jay, o grupo tem seu nome inspirado na clássica fase Racional do soulman Tim Maia. • Seus integrantes são fortemente influenciados pelo rap norte-americano de artistas como Public Enemy, 2Pac e NWA, pela cultura de baile e pela soul music de ícones como James Brown, Marvin Gaye, Jorge Ben e Cassiano. • As letras do grupo, e em especial do seu grande cronista, Mano Brown, são relatos honestos e crus da vida nas periferias das grandes cidades brasileiras, destacando a violência e a criminalidade, mas também enaltecendo a cultura e o povo negros. • Seus primeiros singles, “Pânico na Zona Sul” e “Tempos Difíceis”, fazem parte da coletânea Consciência Black, Vol. 1 (1988), lançada pela gravadora Zimbabwe, que passaria a ser o selo do grupo por quase uma década. • Lançado em 1997, Sobrevivendo no Inferno é um divisor de águas na história do rap nacional; com clássicos como “Diário de um Detento”, o álbum vendeu mais de 500 mil cópias, um marco para o gênero. • O sucesso amplificou o status do grupo. Seus membros, no entanto, seguiram avessos à mídia, evitando cerimônias e premiações – com uma exceção: em 1998, o Video Music Brasil, premiação da MTV, contou com uma apresentação dos Racionais MC's, celebrando o prêmio de Melhor Grupo de Rap daquele ano. • O álbum duplo Nada Como Um Dia Após O Outro Dia, de 2002, conseguiu manter o alto nível das produções, e é seguido pelo DVD 1000 Trutas, 1000 Tretas, de 2006. No ano seguinte, a memorável apresentação do grupo na Virada Cultural, em São Paulo, terminou em tragédia após confrontos e brutalidade policial. • Em 2014, os 25 anos do grupo foram marcados por uma turnê nacional e pelo lançamento do primeiro álbum de inéditas em 12 anos; mais enxuto que seus antecessores, Cores & Valores apresenta uma produção mais contemporânea e minimalista. • Além de seguirem com o grupo, seus membros têm carreiras solo estabelecidas: Mano Brown partiu para um trabalho mais soul e suingado, inspirado nos grandes artistas dos anos 70, lançando, em 2016, o bem-sucedido álbum Boogie Naipe, da sua gravadora de mesmo nome. KL Jay é referência quando o assunto é a cultura DJ no país, além de ter um sólido posicionamento político. Já Edi Rock e Ice Blue são bastante envolvidos nas produções das novas gerações do rap e do trap.