Fragma

Fragma

Fragma é o primeiro álbum de Amanda Magalhães, musicista, compositora e cantora, que também desenvolve trabalhos como atriz e produtora musical. Neta do saxofonista e compositor Oberdan Magalhães, fundador da banda Black Rio, e filha de William Magalhães, que hoje está a frente da lendária banda carioca, Amanda uniu as referências musicais da família, como o funk norte-americano, a MPB e o soul, às experiências vividas em seus relacionamentos amorosos. “Este álbum, Fragma, tem esse nome porque ele fala sobre momentos diferentes da minha vida afetiva, então ele é um álbum sobre afeto, e todas as músicas são sobre isso de alguma maneira”, diz a cantora ao Apple Music. Amanda Magalhães compôs e produziu todo o álbum em sua própria casa, ao longo de dois anos. “O álbum começou na minha garagem e, até chegar a este momento, eu passei muito tempo unindo textos meus, coisas que eu tinha escrito após as experiências e términos, momentos que eu vivi e coloquei no papel, e depois musiquei. O processo, como um todo, foi basicamente assim.” Com tanta influência da própria vida pessoal, Amanda revela que não foi fácil escolher quais faixas entrariam em Fragma: a cantora chegou a ter 15 músicas escolhidas. Então foi necessário fazer uma filtragem de quais músicas entrariam, sem deixar de contar a história principal do álbum. “Eu entendia que havia um punhado de músicas que faziam um sentido muito grande e que praticamente narravam toda a minha transição da Amanda menina para a Amanda mulher”, explica. Ao fim, foram escolhidas nove faixas que, segundo a artista, compõem uma “narrativa de encontros e desencontros, de alegria e dor”. Em meio a ritmos latinos, funk, soul e música brasileira, Fragma traz diversas maneiras que o amor pode ser vivido, todas pelo olhar e sentimentos de Amanda Magalhães. Com colaborações de artistas como Seu Jorge e Liniker, o álbum apresenta o lado afetivo da artista, que revela ter usado toda a criação também como um processo de cura. “O amor é um tema muito universal, né? Nunca vai deixar de ser. Espero que as pessoas se identifiquem com esses fragmentos de mim.” A seguir, a cantora dá mais detalhes sobre cada uma das faixas de Fragma. A Direção “Ela é a introdução do álbum, e eu a encaro como uma espécie de prelúdio. Ela não só é a síntese dessas influências como ela traz uma referência direta a artistas que sempre admirei muito, como Erykah Badu, cujas influências eu procurei resgatar nesta faixa. Ela ser a introdução não foi algo pensado. Este trabalho foi algo tão espontâneo que, mesmo que tenha sido criado sob a luz de alguma coisa que era um norte para mim, uma referência musical, ele aconteceu muito também por vontade própria. ‘A Direção’, por exemplo, não era para ter sido uma faixa de introdução. Eu estava um dia compondo, fazendo uma jam aqui em casa, e queria colocar uns sintetizadores... E quando eu insisti em continuar, para que ela tivesse mais tempo de duração, eu pensei: ‘Quer saber? A música já falou o que ela precisava’, e ela se tornou uma faixa de um minuto e meio.” Talismã (feat. Liniker) “Esta música conta com a participação da Liniker, e foi muito doido o nosso encontro. Eu a conheci através de um amigo em comum. Na época, eu já tinha composto ‘Talismã’, que foi uma música que passei semanas procurando a harmonia. Quando a faixa ficou pronta, eu sabia que precisava passar uma sensação de paz, e a Liniker é uma artista que tem muita potência, não só vocal, mas ela também tem leveza em seu trabalho e canta muito o amor. Pensei em lhe apresentar a música e consegui o e-mail dela para mandar. Ela topou, fiquei extremamente honrada e, por meio de alguns acasos, essa parceria aconteceu. Nos tornamos grandes amigas, e é a música de trabalho do álbum. Quanto à letra, ela é a única que não fala sobre alguma experiência minha passada, mas é uma projeção de um lugar em que eu gostaria de estar no futuro, então quis trazer essa mensagem, de um amor em paz, ainda que com suas contradições.” Deixa Assim por Ora “É uma música de que eu gosto muito, que fala sobre a não antecipação do que precisa ser vivido, é sobre viver o presente também. ‘Deixa Assim por Ora’, assim como todo o álbum, caminha para um horizonte de ‘ame, mas se desapegue’, para que a gente ame, mas deixe as coisas livres. É um clichê bastante carregado de sabedoria, um exercício diário, que, até pela nossa própria natureza, talvez, a gente nunca alcance. E ela traz uma presença de sintetizadores, assim como acontece em ‘A Direção’.” Deixa Levar “Ela tem um pensamento parecido com o de ‘Deixa Assim por Ora’, mas agora é a ideia de ‘deixa rolar porque já deu errado’. Eu escrevi esta música durante o término de um relacionamento e foi uma experiência muito traumática, me doeu muito e eu me culpava muito pelo que eu julgava serem os meus erros. ‘Deixa Levar’, então, fez parte do meu processo de cura, ou da tentativa de conseguir falar sobre quando a gente termina e ainda está pensando na pessoa. Quando a gente se pega rezando para os santos, se pega evocando coisas, memórias, a gente revive... Até a hora em que nos damos conta de que é melhor deixar levar.” Saiba (feat. Seu Jorge) “Eu já conhecia o Seu Jorge há muito tempo, porque ele trabalhava com o meu pai e a gente se cruzava, mas eu era muito pequena. Passamos uns anos sem nos ver, mas tivemos esse encontro musical. Ele recebeu o convite para participar desta música de um jeito muito amoroso, me deu a maior força! Ele encheu a minha bola, como sempre, é uma pessoa muito amiga. Eu achava ‘Saiba’ a cara dele, na verdade. Ela traz essa pegada de black music, e o Seu Jorge tem o suingue carioca, um tom de voz único. Foi muito gostoso estar com ele no estúdio. E a música – que fala sobre a gente amar quem ama a gente de volta, a gente saber viver o presente e não desconfiar de quem dá amor para a gente também – é algo que faz sentido ele cantar, porque ele tem esse olhar de positividade para as coisas. E a faixa também mostra bem o objetivo do álbum de trazer a música brasileira com essas influencias de funk e soul norte-americano, e ela sintetiza isso bem.” Ninguém Vê (feat. Vico) “Essa foi uma composição minha com o parceiro Felipe Ludovico. Eu estava escutando muito a banda Jungle e tinha vontade de ter uma música neste álbum que traduzisse esse lugar das referências, e eu estava com muita vontade de fazer uma faixa que pesasse mais no funk. Já quanto à letra, fala da necessidade, de tempos em tempos, de voltar para si e ao mesmo tempo lidar com a falta do outro. Ela fala sobre o encontro de pessoas desajustadas e desencontradas.” Quando a Chuva Acaba “É a música mais antiga de Fragma e também foi composta em parceria com o Felipe Ludovico. A gente fez esta canção muito baseada em Demônios da Garoa, na ideia de que ‘não posso ficar nem mais um minuto com você’, de sair de onde você está, ir embora, mas carregando alguém no peito, que acho que é algo que todo mundo já viveu: é o amor no lugar da falta. Então ‘Quando a Chuva Acaba’ aconteceu como uma ode a tudo isso, e ela ficou engavetada por muito tempo. E no começo ela era uma bossa, com samba... Quando eu estava terminando Fragma, o Vico [Piovani] deu um outro arranjo para ela. Então, participei de um projeto, levei esta música e ela foi produzida.” Amor te Dá “Esta faixa traz um lugar que pesa mais para a música brasileira e, enquanto discurso, sintetiza bem a mensagem do álbum, na medida em que a música fala das andanças e dos altos e baixos das nossas relações amorosas e das nossas relações consigo mesmos. Momentos em que a gente se ama, outros que nem tanto, quando não nos reconhecemos tanto, quando a gente precisa recalcular a rota dos nossos caminhos.” Esperando a Lua “Ela era uma faixa bônus, mas também era uma música pela qual eu tinha muito carinho, porque foi feita de uma maneira muito espontânea, em um momento muito especial da minha vida, e fazia muito sentido para mim que ela estivesse no álbum, por mais que eu achasse que a música estivesse descolada do álbum, porque ela traz esse lugar mais cru. No fim eu entendi que esta música é o fechamento dessa história e virou a nona faixa. O motivo de ela trazer uma nudez maior não é apenas na roupagem dela, que eu optei por algo mais minimalista mesmo, mas porque fiz esta música no dia em que tive uma briga com o meu companheiro. A gente discutiu porque eu ficava muito na madrugada fazendo música na garagem, então eu ia dormir quando ele acordava, e ficávamos nesse desencontro. Depois de brigarmos em relação a isso, eu pensei como eu faria para ficar tudo bem... Fui fumar um cigarro na rua, olhei para cima e ‘Esperando a Lua’ aconteceu. Ela diz que, apesar das brigas e dos desencontros, a pessoa vai sempre estar lá. E não deu outra: no dia seguinte, eu ganhei um abraço quando mostrei a canção para ele como pedido de desculpas.”

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