Gratidão

Gratidão

Gratidão, o novo álbum da cantora gospel Eyshila, tem um título autoexplicativo. E tudo gira em torno dessa palavra e do seu significado: um agradecimento a Deus pela vida que nos foi dada, mesmo diante das intempéries. “Gostaria que minha arte pudesse contribuir para as pessoas se sentirem encorajadas como eu fui”, explica a artista ao Apple Music. Além de “gratidão”, o que você vai ouvir nesse álbum e, também, ao longo da entrevista a seguir, é guiado por outra palavra dona de um sentido poderoso para a jornada corajosa dessa artista: ressignificação. “Em 2016, eu me despedi precocemente de um filho. Ele tinha 17 anos”, ela relembra, “e desde então, datas especiais se tornaram difíceis para mim”. Nesse processo de luto e cura, naquele mesmo ano de 2016, Eyshila lançou o álbum O Milagre Sou Eu e percebeu que o louvor poderia ajudá-la a encontrar o conforto necessário para aquele momento. “Decidi ressignificar esses momentos com algo especial, já que a música é a minha válvula de escape, é o lugar para onde eu corro para adorar a Deus.” Desde aquele ano, Eyshila transforma as datas que poderiam ser de pesar em um motivo para celebrar a fé. Assim ela o fez no seu aniversário em 1º de setembro de 2020, quando realizou o show transmitido ao vivo pela internet que, agora, ganha nova vida ao ser transformado no álbum Gratidão. “Escolhi músicas que cantei ao longo da minha vida, que me marcaram de alguma forma, e chamei amigos próximos para participarem das apresentações. Quando percebi, tinha 11 músicas, todas com pessoas cantando comigo.” Produzido por Sérgio Assunção, Gratidão traz vozes de diferentes gerações do gospel, como Ludmila Ferber, Fernanda Brum, Weslei Santos, Paulo César Baruk, entre outros, em performances emotivas ao lado de Eyshila. O álbum relembra as músicas que marcaram a carreira da cantora desde o início nos anos 90, quando despontou como uma das vozes mais impactantes da música gospel nacional, recriadas com arranjos de cordas e pianos. Nenhuma mudança drástica foi feita, e tudo está propositalmente fiel às versões originais. “Quisemos preservar a identidade de cada uma delas”, ela explica. Gratidão se transforma em um corajoso canto à vida e um cuidadoso abraço musical. “Não podemos negligenciar a dor. Eu não sou a única pessoa enlutada no mundo. Acontece algo a alguém a todo o momento. Mas quando você consegue ter um olhar de gratidão para o passado, tudo fica mais leve”, explica Eyshila. “Se atualmente, com esta pandemia, a gente não pode abraçar uns aos outros, que façamos isso com o olhar, com a palavra e com estas músicas.” A seguir, Eyshila conta detalhadamente as histórias de cada uma das faixas do seu novo álbum. Tua Graça Me Basta “Pitte Goiabeira e Fran Rolim são dois jovens de 20 anos, que me chamam de ‘mãe’. Quis que eles cantassem comigo para mostrar essa nova geração que se levanta, que tem menos idade do que eu tenho de carreira. Essa é uma música do Luis Arcanjo que é um sucesso, cantada em todas as igrejas do Brasil. Ela sempre tocou o meu coração e a minha vida.” Nunca Pare de Lutar “Ludmila Ferber é uma amiga minha há muitos anos e está em uma luta pública contra um câncer em metástase. É um milagre vivo. Ela me mandou essa música quando perdi minha voz, em 2008. Eu a ouvia repetidas vezes. Queria que as pessoas pudessem ter essa releitura em piano e cordas e, por isso, fiz o convite à Ludmila para cantá-la comigo.” Mais Que Uma Voz “Essa aqui tem uma peculiaridade. O [compositor] Marcelo Manhães me deu a letra há quase 20 anos. Naquela época, estava com o repertório do meu álbum completo e não pude gravá-la. Kleber Lucas colocou a faixa no trabalho dele e se destacou muito. Foi algo de Deus mesmo. Queria ter a honra de gravá-la, já que continua tão atual. Enfim chegou a minha vez, demorou para chegar, mas chegou a minha vez de cantá-la.” A Ele a Glória “Nani Azevedo pegou um texto da Bíblia, que fala da profundidade das riquezas, e foi muito feliz nas colocações sobre Deus e ao transformá-las em canção. É uma letra que marcou muito a minha vida e que mexe com o meu coração. Até hoje, quando canto na igreja, sinto como se fosse a primeira vez. Chamei Danielle Cristina, que é minha pastora, com quem convivo em São Paulo e faz parte da minha vida há algum tempo, para cantar comigo aqui.” Milagre “Escrevi essa música para minha irmã, Liz Lanne, na época em que integrávamos o grupo Voices. Ela tem uma história de milagre, porque minha mãe ouviu dos médicos que não poderia mais ter filhos depois de tantas doenças, mas minha irmã chegou. Liz Lanne estava lançando seu primeiro álbum, e compus essa letra pensando nela. Não preciso dizer o quanto foi especial para mim esse momento, não é?” Minha Benção “Quando Cassiane gravou essa música [no álbum Recompensa, de 2001], eu fiz backing vocal para ela. Já se passaram 20 anos desde então. Foi um trabalho que vendeu milhões de cópias e foi muito significativo para a nossa história. Essa faixa me remete a um tempo de convivência boa, de muitas risadas. Eu estava grávida e fui ajudada e abraçada por tudo isso. Parece que foi ontem, mas faz muito tempo, não é? A versão original é pentecostal, mas fizemos ao piano e cordas para conversar com todos os estilos.” Vai Amanhecer “Fiz uma postagem nas redes sociais em uma madrugada que dizia: ‘O choro pode durar uma noite toda, mas a alegria chega pela manhã’. Um amigo meu viu aquilo e disse que conhecia uma música que falava sobre isso. E é ‘Vai Amanhecer’ [de Anderson Lima e Jéssica Lima]. Essa história aconteceu logo que vim morar em São Paulo, após a partida do meu filho, e me conectei muito com a letra. Gravei a música naquela época e quem a produziu foi Paulo César Baruk, que voltou a cantar comigo nessa versão.” Em Tua Presença “Todo mundo acha que Fernanda Brum é minha irmã. Somos madrinhas de casamento uma da outra, temos muita história em anos de amizade. Fernanda gravou essa música da Alda Célia em seu álbum Apenas um Toque. Quando Deus levou meu filho, eu acordava todos os dias ouvindo ‘Em Tua Presença’. Entrava no meu closet e chorava, chorava, chorava. E essa música me trazia uma ideia de muito consolo. Agora canto com Fernanda Brum em um momento que não é de luto, mas de gratidão por termos sobrevivido a momentos tão difíceis.” Transformada “Cassiane cantou comigo essa música no meu álbum Deus no Controle [de 2014], e dedico essa canção às mulheres de todas as idades. A mulher que não é resolvida por dentro pode fazer as plásticas e os procedimentos que forem, mas será sempre destruída por fora. Se uma mulher for transformada de dentro para fora, os reparos no exterior serão um adorno à beleza que vem de dentro. É essa a mensagem que quero passar.” Pelo Fogo “Mais uma música de minha autoria que é muito especial para mim. Gravei com o grupo Voices, em 2002. Na live, eu já tinha Fernanda [Brum] e Liz Lanne, e como não queria perder a oportunidade, pedi ao produtor para fazer essa releitura. É uma letra que me remete à história do Livro de Daniel, dos três jovens jogados na fornalha por se recusarem a se curvar diante de uma estátua, mas que não se queimaram lá dentro. Trago essa história para a nossa vida. A gente pode enfrentar a fornalha que for, e sabemos que vamos conseguir porque Deus está conosco. Esta pandemia é uma fornalha, se Deus está com a gente, vamos conseguir sair dessa.” Quanto Amor “Gravei essa música pela primeira vez no álbum [Entre] de Paulo Cesar Baruk, em 2013. Dois anos depois, gravei Deus no Controle em Nashville, nos Estados Unidos, com a produção de Baruk. Quando fui fazer essa releitura com piano e cordas, aproveitei que ele já participaria em ‘Vai Amanhecer’ e quis incluí-la também. É uma música que fala do amor de Jesus, que é algo de que precisamos tanto nesses tempos. Precisamos amar as pessoas e usar as coisas. Este é um dos ensinamentos da pandemia: amar os seres humanos, amar sem questionar, sem preconceito, como Cristo amou.”

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