Eu Feat. Você

Eu Feat. Você

Para o segundo álbum da Melim, o maior desafio de Gabriela, Rodrigo e Diogo foi compor novas músicas em meio à loucura da vida na estrada, afinal, com o sucesso do álbum de estreia, lançado em 2018, os irmãos rodaram o Brasil e fizeram cerca de 280 shows. Dividido em duas partes, para aproveitar melhor cada uma das músicas, o primeiro EP, “Eu Feat. Você”, acaba de sair com oito faixas – “Gelo” e mais sete inéditas –, e traz as participações especiais de Rael (“Relax”), Lulu Santos (“Cabelo de Anjo”) e Saulo Fernandes (“Cantando Eu Vou”). Todas acompanhadas por experiências visuais. “Este segundo álbum tem a gente num momento mais maduro musicalmente, mas sem perder a essência de falar de amor, positividade e coisas boas. Porque o mundo precisa disso, ainda mais neste momento”, explica Gabi Melim ao Apple Music. A sonoridade foi mantida com tudo aquilo que os fãs da Melim amam, uma versatilidade que passa pela MPB, indie, folk e reggae. Tudo com muita leveza, sem pressão para repetir o sucesso estrondoso da estreia. Lembro de que, quando a gente estava compondo, dava uma parada e pensava: ‘Gente, fizemos o nosso primeiro álbum com amor, apostamos nas músicas em que a gente acreditava, não miramos em fazer sucesso’. Então, a gente seguiu a mesma forma de bolo, vamos fazer aquilo em que a gente acredita.” Para as novas faixas, a Melim teve o privilégio de gravar no lendário Capitol Studios, em Los Angeles (EUA), local que carrega a mística de ter registrado obras de nomes como The Beatles, Frank Sinatra, Coldplay, entre outros. “Foi uma sensação muito especial, porque acho que diz muito sobre a música e o poder dela, onde ela nos leva. Como poderia imaginar que nosso segundo álbum nos levaria para um estúdio tão poderoso? Composições que fizemos, que vieram de dentro da gente, bem naquele estúdio que tem tanta história, que é tão incrível. Foi uma energia muito forte saber que as nossas músicas estavam ganhando vida ali, sabe?”, comemora Gabi, que lembra também como foi a sensação de passar cerca de dez dias em Los Angeles, no início do ano, na mesma época em que a pandemia do coronavírus atingia os Estados Unidos. “Quando estávamos voltando, a gente viu que realmente o bicho estava pegando. Fui algumas vezes ao mercado, para comprar água, e as prateleiras estavam vazias, nunca tinha vivido isso.” As novas canções da Melim contaram com produção musical de Lelê e Bruno da Us3 e Malibu, arranjos de Castilhol (teclados), Juliano Moreira, Rodrigo Schwab, e os músicos Felipe Melanio (violões e guitarras), Viny Melanio (baixo), Renan Martins (bateria) e Arthur Luna (mixagem). Abaixo, Gabriela Melim comenta cada uma das faixas: Eu feat. Você “Essa realmente teve muita influência, os meninos são loucos pelo Ed Sheeran, eu também gosto muito, nesta faixa teve muita influência dele. Eu comecei escrevendo com o Rod, fizemos o A da música e depois mostramos pro Dig. Me lembro na época que eles me mostraram uma melodia e falaram, ‘esse daqui é o B da música, vamos colocar uma letra’. Falei, ‘gente, mas esse B tem cara de refrão’. Eles, ‘não, nesse refrão a gente faz uma melhor. Mas eu falei, ‘não, isso aqui tem cara de refrão’ (risos). Acabou que fiquei no ouvido deles e o que era para ser o B virou refrão, que é: ‘Todo mundo sorrindo e cantando, corações no mesmo beat. Você e eu dançando, melhor canção é o nosso feat. Eu feat você… É hit’. Isso aí era para ser B. Foi um processo de composição bem doido.” Relax (feat. Rael) “A gente chamou o Rael para o nosso primeiro álbum, acredita? Mas na época, ele estava num momento ruim, acho que com o falecimento de alguém da família dele. Acabou que ele estava chateado e não rolou. Ele não estava num momento bom para poder gravar. Depois ele chamou a gente (pra gravar 'Só Ficou o Cheiro', do álbum Capim-Cidreira), que para mim foi uma alegria imensa, porque sou superfã do Rael, e agora a gente o chamou de volta. Foi uma alegria tê-lo cantando uma letra nossa, sabe? Porque, normalmente, quando o artista é engajado nesse segmento do rap, ele é melódico e é rapper também, não é comum ele gravar composições escritas por outro, normalmente o cantor escreve a sua própria letra, assim como fez Projota na segunda parte do álbum. Mas o Rael superaceitou cantar a parte que a gente fez pra ele, fiquei muito feliz de ouvir uma música nossa ganhar vida na voz dele. É uma música muito alegre, tem uma energia muito alta, fala de várias formas da gente relaxar na música, de vários caminhos, meditação, enfim, um pouco de tudo a gente fala, então é muito legal.” Cabelo de Anjo (feat. Lulu Santos) “O Lulu pra mim é uma coisa muito doida, sou muito fã dele. A gente sempre falou muito do Lulu como referência de composição, de carreira, de artista. Ele realmente é o cara do pop para a gente, é o cara do pop no Brasil, foi muito generoso da parte dele aceitar o convite. Ele mandou várias vozes para a gente escolher onde colocar, mandou meio que cantando a faixa inteira e a gente foi escolhendo onde ficava mais legal. Foi muito fácil e generoso da parte dele, sabe? Foi muito legal trabalhar com ele. Acho que nenhuma palavra alcança o sentimento que é tê-lo no nosso álbum. O primeiro contato que tive com ele foi quando gravei um vídeo no Instagram cantando uma música dele, depois ele repostou e me mandou um direct. A partir dali o assunto começou (risos). Logo depois, fomos audaciosos e ousados e o convidamos. Esta letra é do Rodrigo Melim, meu irmão, com o João Carreira, que é um amigo dele que também é compositor e tem uma dupla que se chama Tritom, e com o Diogo Melim. É uma música que foi feita para a filha do Diogo, que é a Mel. E é isto, a Mel tem os cabelinhos bem enroladinhos, é a coisa mais linda do mundo, ela realmente parece um anjinho quando não quebra a casa inteira (risos). Acho que é isto, esta música diz muito sobre esse sentimento paterno, de amor, o que é o amor de pai pra filha, que é uma coisa forte e legítima.” Gelo “A ‘Gelo’, lembro que chamei dois amigos meus para irem lá em casa para a gente compor, e lá a gente acabou escrevendo algumas músicas. Não estavam meio que fluindo assim as outras, e aí de brincadeira viemos com o refrão de ‘Gelo’. Acabamos fazendo o refrão juntos ali, e assim ficou. A parte que entra depois do refrão, que é o A da música, a gente também fez no mesmo dia. Lembro de que comecei a mandar uma frase atrás da outra e, quando vi, fluiu. Muitas vezes a gente fica e não flui, mas outras vêm muito fáceis. Depois sentamos eu, o Rodrigo e o Diogo e veio o resto da música, que é a parte que os meninos deram voz. A ‘Gelo’ é uma música que a gente sempre teve muito xodó, a gente a acha muito vibrante, mesmo que ela fale de frio, mas ela tem uma energia solar. A gente gravou na neve, mas o clipe é muito alegre, né? A gente brinca na letra, não é nada pesado, você me deu um gelo, mas, olha só, ainda estou aqui. Tem esse lado. A gente brinca, é uma brincadeira, ela é bem leve. Acreditava muito nesta música, muito mesmo, normalmente me surpreendo com várias coisas, é óbvio que ver o sucesso dela concretizado é algo muito forte, mas era uma música em que eu acreditava, sentia no meu coração que esta música iria ir, sabe? Achava que era uma música que, quando tocasse na rádio, iria criar uma identificação muito fácil com o público.” Menina de Rua “Esta música já estava pronta há muito tempo. Não a gravamos no primeiro álbum porque achávamos que ela se aprofundava muito num tema que a gente ainda não sabia que também era assim, que a gente tinha mais uma vertente, a gente ainda estava se descobrindo. Conforme o tempo foi passando, percebemos que ela tinha tudo a ver com a nossa vibe, são coisas que a gente acredita, sobre se aprofundar mais nessa relação da gente enxergar o outro com amor. Acho que esta música fala muito sobre o que a gente futuramente vai trazer mais ainda para a Melim, que é essa coisa mais engajada. A gente gosta muito do Natiruts, e eles têm uma influência muito forte na construção desta música. O Natiruts é muito a gente, nós temos uma relação muito forte com o Alexandre Carlo, que é o compositor e vocal do Nati. E, não sei, de alguma forma, tudo o que a gente gosta a gente traz um pouco para o nosso som, sabe? Influencia na nossa maneira de escrever, de produzir. Por isso, nossas músicas são muito diversas, porque cada uma traz um pouco do que a gente gosta de ouvir. Me lembrou até um filme do James Brown, que tem um momento em que ele fala assim: ‘Você pode até não escutar as músicas do James Brown, mas a música que você escuta tem um pouco do James Brown’. Tipo assim, acho que a gente sempre respira um pouco do que os artistas vão deixando para a gente. Tem muito de Lulu e a gente ouve muito Lulu em outros artistas. Quem sabe daqui alguns anos vai ter muito da gente em outros artistas?” Quem me Viu “Ai, toda música eu digo, ‘eu amo esta musica’ (risos). Claro, Gabi, o álbum é seu, se você não gostar… Como você vai falar que um filho é mais legal do que o outro? Não tem como, depende do momento. Acho que é isso, música é momento. A ‘Quem Me Viu’ fizemos num quarto de hotel, não me lembro nem em qual estado a gente estava, mas aí o Rod me ligou do quarto dele e começamos a escrever. Nosso parceiro Juliano Moreira, que é o guitarrista da Melim, também estava presente e escreveu com a gente. Depois nós chamamos o Dig. Foi uma música que surgiu bem natural, é um xodozinho essa música para mim. Acho que ela traz um pouco do nosso início, acho que ela resgata um pouco assim. Tem influência de um reggae um pouco mais bailado quase como um forró, sabe? Ela é bem um pouco desse universo assim.” Pega a Visão “Esta escrevi com o meu parceiro, que é o guitarrista da nossa banda, o Juju Moreira. A gente escreveu no hotel à noite. Chamei-o e falei, ‘Ju, vamos fazer uma música’. Lembro de que esta música saiu muito natural. Depois, no avião, comecei a pensar no refrão, que a gente ainda não tinha, e assim a música nasceu. Lembro de que eles brincam comigo, a galera que trabalha com a gente, os meus irmãos, que eu sou a engavetadora de músicas, porque tem músicas que não mostro para ninguém (risos). Tem músicas que não mostro. São músicas em que acredito, que amo, mas ainda não mostrei. O Lelê, que é o produtor que trabalha com a gente, fica ‘p’ da vida. Ele fala, ‘Mostra essas músicas’. Mas quando acontece de eu escrever com parceria, acaba que mostro mais rápido as músicas. No início, pensei se ela encaixava no nosso momento agora, se ela estava dentro do contexto do álbum… Acho que todo mundo acabou gostando tanto que ela virou tipo uma rajada de alegria mesmo, me deixou acreditando também nela. Acho que tem muita influência da Marisa Monte, sou muito fã da Marisa. Pensei numa coisa que é um pop meio indie, acho que uma coisa um pouco próxima disso, com uma veia da MPB que gosto muito, de cantoras.” Cantando Eu Vou (feat. Saulo Fernandes) “Amo esta música. Os meninos começaram a escrever, me lembro do Rodrigo me mostrar ela na van, eu dei algumas ideias. Enfim, também é uma parceria com o Juliano Moreira. O Juliano Moreira, Rodrigo Melim, Dig e eu. É uma música muito positiva, fala de amor e paz, fala de tudo que acho que engloba realmente o que a Melim é, o que a Melim quer passar. Esta música é bem próxima da mensagem que a gente quer passar, de enxergar as coisas com uma visão mais positiva, sabe? Acredito muito que a gente cria a nossa realidade, tudo é a maneira com a qual a gente enxerga a vida, as coisas. Acho que esta música é justamente sobre isso. E o Saulo é um cara por quem a gente tem paixão. Conhecemos ele quando fizemos o ‘Música Boa Ao Vivo’, do Multishow, com ele e com a Onze:20. Lembro de que, quando a gente estava conversando, ele disse assim: ‘Nossa, a gente que é artista, a gente trabalha com o público, né? Então a gente tem que gostar de gente, eu amo gente. Quando vejo artista que, sei lá, não tem uma relação muito próxima com fã, acho estranho. Porque, artista que não gosta de gente, tem alguma coisa errada’. Achei muito legal a maneira dele de enxergar as coisas, sempre traz algum ensinamento, de uma certa forma. Ele é uma entidade da paz, todo de branco, ele tem uma leveza quando fala, sabe? Uma gentileza, uma calma, ele tem tudo a ver com a música, ele realmente conseguiu trazer tudo que ele é como artista e como pessoa também para a música.”

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