Nenhum furacão da música brasileira levantou tanta poeira quanto Ivete Sangalo. Sucesso desde os anos 90, quando despontou como vocalista da Banda Eva, enfileirando hits de axé no circuito do Carnaval de Salvador, ou em uma extremamente bem-sucedida carreira solo (inclusive internacionalmente), a baiana tem a dona da voz mais popular do Brasil. Ivete ingressou na Banda Eva quando o grupo deixava de ser um bloco de Carnaval para seguir em turnês durante o ano todo. A receita era clara: dois pés fincados em uma música de massa, festiva, com a estética do axé que, na época, avançava Bahia afora e refrãos ótimos para serem cantados pela multidão. Com hits como “Arerê”, “Flores”, “Pegue Aí” e “Beleza Rara”, o início da Banda Eva, em 1993, foi fulminante. Quatro anos depois, o primeiro ao vivo do grupo vendeu 2 milhões de cópias e, na época, o grupo fazia 30 shows por mês. O sucesso da Banda Eva no Brasil era tamanho que o anúncio da saída de Ivete teve repercussão em programas de TV e jornais, como se fosse uma rockstar dos anos 70 largando a maior banda do mundo. A estreia em carreira solo, Ivete Sangalo (1999), trazia “Se eu Não Te Amasse Tanto Assim”, marco fundamental do repertório romântico da cantora. Mas o reinado de Ivete se sedimentou, mesmo, no início dos anos 2000, quando “A Festa” se tornou símbolo da conquista do pentacampeonato de futebol da Seleção Brasileira em 2002 e, no ano seguinte, “Sorte Grande” passou a ser entoada pelas torcidas em estádios. Embora nunca tenha deixado de gravar álbuns de estúdio, como Real Fantasia (2012), Ivete entendeu o impacto que causa nas apresentações e shows – principalmente quando a indústria entrou em retração e os DVDs ao vivo se tornaram uma solução do mercado. A potente voz de contralto e fôlego no palco, herdados dos tempos de cantora de trio elétrico nos carnavais, somados aos figurinos impactantes e às músicas festivas formam um combo imbatível nos shows até hoje. Foi com uma gravação ao vivo que Ivete fez história, ao se apresentar no Madison Square Garden, em Nova York, e que resultou no DVD mais vendido da história da música brasileira. Hábil em parcerias que vão de Harmonia do Samba (“Tá Solteira, Mas Não Tá Sozinha”), MC Zaac (“Não Pode Parar”) e Emicida (“Mulheres Não Têm que Chorar“), ao álbum ao vivo com bastiões da MPB como Caetano Veloso e Gilberto Gil, Ivete Sangalo é uma rainha genuinamente brasileira e igualmente pop.