Considerada uma das mais influentes bandas do heavy metal, o System of a Down foi muito além das fronteiras do gênero. Em um cenário global instável, o quarteto armênio-americano conquistou multidões com letras engajadas, flow explosivo e uma mistura revolucionária de estilos – apresentando ao mundo, em meio ao peso do metal, a música tradicional armênia. • Los Angeles, 1992: fã do pop de outras eras, feito por Bee Gees e Abba, o armênio-americano Serj Tankian trabalhava vendendo programas de computador e, nas folgas, tocava em uma banda. Certo dia, ensaiando num estúdio, conheceu o guitarrista Daron Malakian. Os dois largaram suas respectivas bandas e fundaram a Soil, então com Dave Hakopyan no baixo e Domingo Laranio na bateria. Os dois últimos deixaram o grupo e, em seus lugares, ficaram Shavo Odadjian – que, além de baixista, fazia as vezes de empresário – e Andy Khachaturian, substituído em 1997 por John Dolmayan. Todos os integrantes são de origem armênia. • Rebatizada de System of a Down, a banda começou a lançar demos e fazer shows em casas de Los Angeles conhecidas por dar oportunidade a novos talentos, como Whisky-A-Go-Go e Viper Room – foi nesta última que eles chamaram atenção de ninguém menos que Rick Rubin, badalado produtor por trás de nomes como Beastie Boys e Red Hot Chili Peppers. • Pela gravadora de Rubin, a American Recordings, o quarteto lançou seu álbum de estreia, System of a Down, em 1998. O trabalho fez barulho com faixas como “Sugar”, “Spiders” e “War?”, e marcou o início de apresentações maiores do grupo, que abriu para bandas como Metallica e Slayer. • Mas o grande momento da banda ainda estava por vir: em 2001, com Toxicity. O álbum lançou o System of a Down internacionalmente, e nos quatro cantos do globo as rádios disparavam as aceleradíssimas estrofes de “Chop Suey!” – que ninguém conseguia cantar junto (mas todo mundo cantava mesmo assim). A apoteótica “Aerials” e a faixa-título foram outros hits do álbum. • Toxicity também trouxe com mais força o discurso político de seus integrantes, que criticam abertamente governos e instituições, e são ativistas engajados em causas sociais – sobretudo relacionadas à Armênia. Em 2016, Serj foi homenageado por sua contribuição ao reconhecimento do Genocídio Armênio. O vocalista também fundou, em parceria com Tom Morello, do Rage Against the Machine, a Axis of Justice, organização que luta por justiça social. • No fim de 2001, diversas músicas inacabadas do System vazaram na Internet. A banda anunciou que iria, então, lançar um álbum com as versões finalizadas: assim nasceu, no ano seguinte, Steal This Album!, cujo single “Boom!”, com o perdão do trocadilho, foi um estouro. • Apesar de sua trajetória longeva, curiosamente, o System tem uma discografia relativamente enxuta – são cinco álbuns de estúdio, sendo que o último foi lançado em 2005. Serj Tankian explicou, durante uma live em maio de 2020, que a razão pela qual o System não lançava nada novo era porque o grupo não chegava a um consenso com relação às músicas, portanto, eles continuavam produzindo individualmente, mas tocando juntos os sucessos que os consagraram. • Paralelamente à banda, Tankian deu início à sua bem-sucedida carreira solo em 2007, marcada por uma produção intensa e excelentes trabalhos, como o álbum Elect the Dead (2007), Imperfect Harmonies (2010) e Harakiri (2012). Em 2021, o vocalista lançou o EP Elasticity – uma brincadeira com o álbum-ícone do System of a Down –, cujas faixas tinham sido criadas originalmente para a banda. • Para a alegria dos fãs, após um hiato de 15 anos, o System lançou o single Protect the Land/ Genocidal Humanoidz, em 2020.