Ao lado do copo americano, do filtro de barro e do vira-lata caramelo, outro item não podia faltar em uma casa brasileira na virada dos anos 1980: o disco Xou da Xuxa 3, um dos maiores fenômenos do mercado fonográfico nacional. O trabalho, que tem algumas das músicas infantis mais conhecidas da cantora como “Ilariê”, “Bombom” e “Brincar de Índio”, coloca a apresentadora de televisão ao lado de campeões de vendas como Leandro & Leonardo, Só Pra Contrariar e Padre Marcelo Rossi, mas há muito mais a se descobrir na trajetória musical da "Rainha dos Baixinhos". • Maria da Graça Meneghel, nascida em Santa Rosa (RS) em 1963, despontou na indústria do entretenimento como modelo aos 16 anos, quando já morava no Rio de Janeiro. Após desfilar para as principais grifes brasileiras ao redor do mundo, a gaúcha, de apenas 20 anos, assinou contrato para apresentar o programa infantil Clube da Criança, da Rede Manchete. • A atração televisiva, que misturava programa de auditório à exibição de desenho animado, rapidamente se tornou um sucesso. No final de 1985, um especial musical culminou no lançamento de seu primeiro álbum, Xuxa e Seus Amigos, produzido por Roberto Menescal, um dos fundadores da Bossa Nova. O trabalho contou com participações das estrelas Chico Buarque, Zizi Possi, Erasmo Carlos, Nara Leão, Caetano Veloso e Os Trapalhões. • A contratação pela TV Globo em 1986, canal em que ficaria por três décadas, marcou também o início da famosa série de álbuns batizados com o nome do programa, Xou da Xuxa. O primeiro volume, que abriga os sucessos “Parabéns da Xuxa”, “Doce Mel (Bom Estar com Você)” e “Quem Qué Pão”, marcou a história sendo o primeiro a receber um disco de diamante no Brasil. • Se engana quem pensa que o filme Lua de Cristal, maior sucesso cinematográfico da artista, tem origem autobiográfica ao narrar as aventuras de uma jovem chamada Maria da Graça que persegue o sonho de cantar. Sua carreira musical se deu por consequência do sucesso televisivo e ela, sem experiência, teve de gravar as músicas repetidas vezes até chegar ao resultado final. Segundo o produtor Guto Graça Melo, nenhum compositor se dispôs a ceder seus trabalhos – “Quem Qué Pão”, por exemplo, é uma criação de Aretuza, assessora de imprensa do projeto, que cantava a música para os filhos comerem. • Após a espantosa performance comercial, compositores passaram a fazer fila para participar dos lançamentos seguintes. Ao todo, foram sete edições da série infantil Xou da Xuxa. A aposta no mercado teen começou em 1994, com Sexto Sentido, e explorou gêneros como EDM (“Hey DJ”), pop (“É de Chocolate”) e lambada (“Dança da Bananeira”). • Os álbuns seguintes misturaram faixas para o público adolescente e adulto e emplacaram sucessos como “Salada Mixta” (1995), “Planeta Xuxa” (1997) e “Libera geral” (1997). • Com Xuxa Só para Baixinhos (XSPB), uma nova fase se abriu. Lançado em outubro de 2000, o trabalho coincide com o nascimento da filha Sasha e mirou em crianças ainda mais novas que os que ouviam seus primeiros trabalhos, na faixa etária entre 1 e 5 anos. XSPB inaugurou uma franquia de álbuns visuais que durou até 2016, lançou 13 álbuns e venceu dois GRAMMYs Latinos na categoria Álbum Infantil Latino do Ano (para Xuxa só Para Baixinhos 2 e Xuxa só Para Baixinhos 3, ambos de 2002), além de outras quatro indicações.