Não são muitos os artistas pop do século 21 que são tão vulneráveis quanto Sam Smith. “Eu nunca me esquivei de dizer a verdade na minha música”, disse Smith ao Apple Music em 2020. “A música é literalmente a minha melhor amiga; é uma libertação, uma forma de diário e de terapia.” Smith, que nasceu em Londres em 1992 e cresceu em Cambridgeshire, começou a ter destaque significativo com dois sucessos dance: “Latch” (2012), do Disclosure, e “La La La” (2013), do Naughty Boy. Eles revelaram seu falsete elástico, mas não davam nenhuma pista da melancolia que posteriormente definiria o assombroso sucesso que alcançaria. E o sucesso veio com In the Lonely Hour, vencedor do Grammy em 2014, uma reflexão requintada sobre amor não correspondido, e com o seu sucessor, The Thrill of It All No período que antecedeu o terceiro álbum, Smith também queria se divertir um pouco mais. A jornada emocional, que em 2019 culminou com o seu anúncio de que se identificava como não-binário (o que aconteceu depois de mais uma separação dolorida) estava sendo explorada por uma música revigorante que fazia o coração partido dançar. “Acho que provavelmente nunca fiquei tão triste como em 2019”, disse Smith ao Apple Music, antes da crise da COVID-19. “Mas fazer músicas tristes quando você está triste, depois sair em turnê e cantar músicas tristes, isso provoca mais tristeza ainda. Para mim foi animador tentar canalizar esse sentimento em algo para fazer as pessoas dançarem – e, o mais importante, me fazer dançar. Durante boa parte da minha vida, provavelmente por causa de muita homofobia internalizada e homofobia a minha volta, senti vergonha, e não era ser capaz de ser completamente quem eu sou através da minha música. Cada vez que eu faço um álbum, aprendo a gostar um pouco mais de mim. Quanto mais eu faço música, mais perto de mim eu me sinto.”