Baroque

Baroque

Para Miloš Karadaglić, mais conhecido apenas como Miloš, o barroco representa uma nova etapa na sua carreira. Desde o seu primeiro álbum, Mediterráneo (2011), o violonista montenegrino tinha se dedicado a obras de inspiração mediterrânea, mas agora ele se aprofunda na música ornamentada que floresceu entre os compositores das cortes europeias dos séculos XVII e XVIII. Baroque (2023) apresenta desde peças para cravo – de Domenico Scarlatti, François Couperin e Handel – até os italianíssimos concertos de Vivaldi, todos arranjados para violão. “O barroco é um período de contrastes: de alta e baixa energia, de luz e sombra, de escuridão e brilho”, diz Milos ao Apple Music Classical. Miloš é bem familiarizado com a arte do arranjo, e algumas obras deste programa são mais próximas do violão; outras nem tanto. A música para alaúde do compositor alemão Silvius Leopold Weiss, por exemplo, pode ser facilmente transposta para o violão – tanto que ela acabou se tornando parte central do repertório do instrumento. Mas e o Concerto em Si Menor, RV 580, composto por Vivaldi para quatro violinos solo, violoncelo e cordas? “Eu quis explorar o repertório pelo qual me interessava há anos como ouvinte”, diz Miloš. “Pensei: ‘E se eu tentar interpretar peças com a mesma excelência das gravações de Vivaldi de Giuliano Carmignola, da coloratura de Cecilia Bartoli ou da forma de tocar piano de Víkingur Ólafsson? Você precisa ter coragem para ver o que funciona e o que não funciona.” A peça central do álbum é a “Chaconne” da Partita Nº 2 em Ré Maior, de J.S. Bach, um marco do repertório de violino solo. Com grande profundidade emocional e complexidade técnica, a obra “começa com uma simples progressão de acordes e passa a explorar inúmeros contrastes num curto espaço de tempo”, explica Miloš. “É uma peça extraordinária. Já ouvi Jess Gillam interpretando-a no saxofone e acho que, se você tocá-la numa gaita de foles, ela ainda vai ser incrível, porque Bach é universal; na verdade, é a essência da música ocidental.” Miloš faz questão de salientar a variedade que engloba o termo barroco. “Não há fronteiras na União Europeia, mas se você for da França para a Alemanha, ou da França para a Espanha, parece que você chegou a outro planeta”, diz ele. As diferenças entre os países se refletem na música de cada lugar, da simplicidade introspectiva da Sonata em Ré Menor, K. 32, de Scarlatti, que abre o álbum, ao rigor lógico de Weiss e à paixão ardente de Vivaldi. “O termo ‘barroco’ vem dos joalheiros portugueses, que assim chamavam as pérolas irregulares”, diz Miloš. “Estas pérolas são tão únicas quanto os seres humanos – todos são diferentes e são bonitos à sua maneira. O resultado é uma música que fala individualmente com cada um de nós.”

Selecionar um país ou região

África, Oriente Médio e Índia

Ásia‑Pacífico

Europa

América Latina e Caribe

Estados Unidos e Canadá