THINK LATER

THINK LATER

"A fama não é novidade para Tate McRae, que fez história aos 13 anos como a primeira canadense finalista do reality show So You Think You Can Dance. Ambiciosa e uma trabalhadora, McRae enxergou a dança como um dos recursos da sua rica caixa de ferramentas e não como uma característica que a define como artista. Ela começou a lançar seus singles em 2017 e, três anos depois, foi a vez do primeiro EP, all the things i never said. Em 2022, veio seu álbum de estreia, i used to think i could fly. Foi um posicionamento, um grito lá do topo: “Estou aqui para ficar.” McRae dá sequência a este momento com um álbum ainda mais determinado: THINK LATER (2023). O título vem de uma noite em que a artista desligou o celular para ficar com um garoto, com a ideia de viver intensamente aquele momento, quando, na verdade, sua família e seus amigos estavam preocupados, sem saberem onde ela estava. Na manhã seguinte, ela tinha 70 ligações perdidas. A história serve como uma metáfora para o álbum inteiro – Tate às voltas com seu papel como ícone pop e modelo a ser seguido, mas também como uma jovem tentando encontrar seu lugar no mundo. “Eu tomo essas grandes decisões na minha carreira, mas só tenho 20 anos. Às vezes, faço uma escolha incrível e outras vezes tomo a pior decisão possível”, diz McRae ao Apple Music. “Às vezes, não tenho ideia de onde estou com a cabeça, então é difícil saber se meus instintos estão me dizendo a coisa certa. Isso vem com o amadurecimento, acho.” Este cabo-de-guerra entre o id e o ego surge, com um certo humor, em “greedy”, primeiro single do álbum e uma das maiores músicas de 2023. Sobre uma bateria marcada e um baixo estrondoso, McRae canta: “Baby, please believe me/ I'll put you through hell/ Just to know me, yeah, yeah/ So sure of yourself/ Baby, don't get greedy/ That shit won't end well” [em tradução livre: “Baby, por favor, acredite em mim/ Vou fazer você passar por um inferno/ Só para me conhecer, yeah, yeah/ Tão seguro de si/ Baby, não seja ganancioso/ Isso não vai acabar bem”]. A tentação está aqui, McRae sabe muito bem, mas talvez não consiga evitar. THINK LATER é cheio desses hits pop autoconscientes, altos e baixos sem filtros que também vêm com o amadurecimento de uma celebridade. A seguir, a artista conta as histórias por trás das músicas do álbum, sobre como ela lida com as más decisões que tomou e as alegrias de voltar para casa: cut my hair “Fui muito, muito teimosa para garantir que este álbum começasse com uma bela mudança tonal em relação ao anterior. Em i used to think i could fly, eu estava vivendo em uma realidade na qual me sentia muito confusa sobre quem eu era. Eu tinha 17 anos e estava indo morar sozinha em Los Angeles, tentando encontrar amigos, tentando entender onde eu me encaixava e qual era meu propósito na vida. Uma das principais coisas que aconteceram nesse ano foi eu ter feito um trabalho muito profundo de autoconhecimento, tentado descobrir o que eu queria da vida, afinal. E sinto que é assim que este álbum começa. Dá para perceber ao longo das faixas que critico meu antigo eu e meus antigos hábitos como compositora. Falo sobre o amadurecimento que veio com os 20 anos e com tudo o que aconteceu no último ano. Esta faixa abre com uma história sobre uma pessoa, mas, já no segundo verso, você começa a entender que estou falando sobre mim e que é uma música mais introspectiva do que sobre um relacionamento.” greedy “‘greedy’ foi um grande ponto de virada para mim. Sempre que eu entrava no estúdio, o [produtor Ryan] Tedder tocava esta música. Ela me assustava, porque foi como eu disse para ele: ‘Não sei o que foi isso que a gente escreveu. E me dá medo porque é uma coisa tão nova e diferente.’ Ele respondeu: ‘O medo é uma coisa boa. Ficar nervosa por causa de um álbum é uma coisa boa.’ O fato de eu ter superado esse medo e ter me apaixonado por algo que me assustava determinaram o caminho que eu iria seguir no álbum todo. Esta música é uma parte muito importante de THINK LATER e foi fundamental para definirmos a forma que iríamos dar ao projeto. Sonoramente, ‘greedy’ mostra onde eu quis que ela chegasse: a um lugar um pouco mais sombrio e mais pop.” run for the hills “‘run for the hills’ foi uma das primeiras músicas que escrevemos para este álbum. Eu a reescrevi várias vezes, porque queria muito transmitir o sentimento sobre um relacionamento que eu estava vivendo na época. Fiquei completamente obcecada por essa relação, por essa pessoa. Comecei a me apaixonar pelo efeito tóxico desse envolvimento. Normalmente, sou muito obstinada e acho que consigo sair sozinha de qualquer situação, mas, por algum motivo, eu estava presa naquele ciclo de apego intenso. Hoje, estou do outro lado dessa história e me sinto tipo: ‘Graças a Deus estou por conta própria’. Mas acho que, naquele momento, foi um mix dos piores e dos mais mágicos sentimentos do mundo.” hurt my feelings “Esta é uma das minhas músicas mais arriscadas e fala sobre querer uma pessoa que você não pode ter e que não é sua. Você fica: ‘Meu Deus, parece que eu só consigo pensar nesta pessoa o tempo todo, mas ela não é minha. A única coisa que me resta é escrever sobre isso.’ É engraçado, acho que esta faixa é muito mal interpretada, porque o título é o oposto do que estou falando. O que estou dizendo é que eu quero que você me machuque [hurt my feelings]. Quero que você esteja na minha vida. Eu te quero demais e não posso te ter.” grave “Passei o ano todo nesse cabo-de-guerra entre amar e odiar este relacionamento, me sentindo presa nesse turbilhão ao mesmo tempo em que estava apaixonada por tudo isso. Eu não conseguia sair do buraco. Todo mundo me dizia que eu tinha enlouquecido por achar que aquela era uma relação ótima. Então, quando comecei a escrever ‘grave’, foi a primeira vez que me dei conta do que estava acontecendo; os óculos cor-de-rosa caíram. Tem uma frase aqui que diz: ‘I hold my grudges like I held you’ [‘Eu me apego às minhas mágoas como me apego a você.’]. Acho que uma das minhas características não tão incríveis é que consigo guardar mágoa e consigo ser bem dura no sentido de cortar da minha vida pessoas que me sacaneiam. Você só consegue cavar uma cova [grave] tão funda e só consegue deixar uma coisa ir tão longe até não ter mais um ponto de retorno.” stay done “Tenho dificuldade em escrever canções de amor. Para mim, as músicas mais românticas são difíceis de compor no estúdio, mas esta é uma das minhas músicas mais românticas de um jeito meio torto. Ela fala sobre como eu ainda posso estar apaixonada depois de você gritar comigo. Eu ainda consigo encontrar as partes mais bonitas dessa situação, mesmo quando ela é a pior possível. O segundo verso diz: ‘It's a one-way street I can't get off’ [‘É uma via de mão única da qual não consigo sair’]. Visualmente, é a melhor forma de descrever isso: dirigir por uma estrada a toda velocidade e não existir um retorno.” exes “Minha gravadora estava em cima, tipo: ‘Hoje é o seu prazo para terminar este álbum.’ Eles me disseram: ‘Não faça outra coisa que não seja terminar o álbum. Temos que entregá-lo.’ Eu e o Tedder decidimos: ‘Certo, a gente vai ligar o cronômetro e tentar fazer uma última música em 30 minutos.’ Porque eu sentia que ainda estava faltando alguma coisa no álbum, eu precisava de uma música pop mais alegre e achava que a gente não tinha essa faixa. Mas já tínhamos um beat meio no jeito quando entramos no estúdio. Abrimos a porta e, instantaneamente, saiu: ‘Beijos para os meus ex.’ E começamos a cantar. Foi muito engraçado. A gente acabou escrevendo esta faixa em 30 minutos. E ela foi arranjada e gravada em 90 minutos. No fim do dia, estava 100% produzida e pronta. Então a mandamos para a gravadora.” we’re not alike “Eu sempre vou proteger minhas amigas. Vou sempre respeitar o código de honra feminino, os limites que não posso cruzar e que estabeleci com as minhas amigas. É assim que acho que se preserva uma amizade. Passei por uma situação específica em que eu e essa garota tínhamos princípios morais completamente diferentes. Não gosto de ficar falando na internet ou de causar confusão, mas gosto de escrever sobre essas coisas, é terapêutico.” calgary “Quando eu era mais nova, a coisa que eu mais queria na vida era ir embora de Calgary e morar em Los Angeles. Agora que estou um pouco mais velha, percebo o quanto gosto da minha cidade natal. Muita coisa neste álbum é inspirada nas minhas raízes canadenses, especialmente na parte visual e nos videoclipes. São elementos que mostram de onde vim, coisas que cresci assistindo e ouvindo e coisas que vivi. Na verdade, compus ‘calgary’ quando fui para lá no verão e reencontrei todos os meus amigos. Assim que botei os pés em casa, me senti como se tivesse 15 anos de novo. Posso evoluir muito e viver várias coisas diferentes e posso voltar para casa e me sentir exatamente como eu me sentia no ensino médio. Esta música fala sobre meu irmão, minha família, meus amigos do ensino fundamental. Nunca falei sobre um conceito desses antes porque esses sentimentos estavam reprimidos.” messier “Escrevi esta música no chuveiro em 20 minutos. Encontrei uma batida estranha no YouTube e escrevi todas as melodias no violão. Meu produtor acrescentou alguns acordes e eu sabia que queria uma música chamada ‘messier’. Esta faixa explora a ideia de duas pessoas que, juntas, são um desastre ainda maior [messier] do que quando estão sozinhas. É uma coisa tipo: ‘Você é a única pessoa que consegue me tirar do sério, porque eu te amo demais e você é a única pessoa que eu sempre quis.’ É por isso que fogo com fogo causa a maior das explosões e o maior dos desastres.” think later “‘think later’ também foi escrita uma semana antes de entregarmos o álbum. A gente queria fazer uma música com um baixo pesadão e uma letra bem ousada. Lembro de alguém me perguntar qual foi a coisa mais ‘depois eu penso nisso’ [think later] que eu já fiz. Respondi: ‘Quando conheci meu ex-namorado.’ É uma história muito doida em que agi como se estivesse totalmente fora de mim por uma noite – o que é bem engraçado, porque, na maior parte do tempo, sou uma garota canadense muito tímida e bem-comportada. Mas, nesta única noite, lembro de ter desligado o meu celular e tentado viver aquele momento. Acabou sendo a noite mais caótica da minha vida, com todo mundo estressado sem saber onde eu estava. A gente basicamente conta essa história na música, esmiuçando os detalhes daquela noite maluca. Ela é muito necessária para o álbum, porque é um exemplo perfeito de como toda essa tempestade começou.” guilty conscience “Esta é sobre a minha dedicação a uma certa pessoa e sobre querer estar ao lado dela, independentemente do que todo mundo está falando ao meu redor ou pensando sobre o que estou fazendo. Sou tão cabeça-dura que poderia ter ficado ali para sempre. Relutei muito em desapegar.” want that too “Esta é sobre a indústria da música e algumas situações que vivi. Eu era nova e ingênua, uma garota de 18, 19 anos que pensava que podia confiar em qualquer pessoa que aparecesse. Foi quando me dei conta, pela primeira vez na vida, que gentileza pode ser confundida com fraqueza e que eu precisava erguer alguns muros. Meus limites tinham que estar bem definidos para eu não ser atropelada. E foi aí que senti o gosto, pela primeira vez, de ser uma mulher jovem tentando começar uma coisa nova. É como diz este trecho da letra: ‘The second I find something good, I know that you're going to want that too’ [‘No segundo em que encontro uma coisa boa, eu sei que você vai querê-la também’]. É uma história muito pessoal, que traz essa sensação de ser usada, não saber o que estava por vir e se sentir enganada.” plastic palm trees “Faz muito tempo que gosto desta letra: ‘Caught in dream till something in my head said, I'm sorry, you were just looking at plastic palm trees’ [‘Perdida em um sonho até que algo na minha cabeça me diz: sinto muito, mas você está olhando para palmeiras de plástico’]. É um jeito tão legal de descrever como eu me sinto sobre Los Angeles – é uma imagem perfeita. Tem uma rua em LA com uma fileira de palmeiras que parecem falsas. Acho que elas devem ter sido trazidas de outro lugar. Não acredito que sejam verdadeiras. LA tem essa fama de ser o lugar perfeito, mas tem muita coisa sobre as quais as pessoas não falam. Vindo de uma cidade como Calgary, mudar para Los Angeles foi meio que um choque cultural. Comecei a experimentar um lugar lotado de muitas personalidades e estilos diferentes.”"

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