DOCE 22

DOCE 22

Luísa Sonza viveu os dois últimos anos como se fossem uma década inteira. Se a nossa vida de 2021 já não lembra em nada aquela que tínhamos em 2019, por que a da artista deveria permanecer igual? “Nossa, eu sinto que se passaram dez anos desde Pandora”, diz a Sonza ao Apple Music ao comparar os processos entre o primeiro álbum, de 2019, e o segundo, DOCE 22. “Muito aconteceu desde aquele álbum. Eu evoluí como pessoa e também como artista. Consigo me expor mais agora. Sinto como se estivesse estreando agora.” De fato, logo no primeiro play, é possível perceber uma nova Luísa Sonza, agora dona de versos assustadoramente diretos e autobiográficos, mesmo sem perder uma de suas maiores virtudes: as batidas extremamente inflamáveis e dançantes. Esse caminho já se apresenta em “INTERE$$EIRA”, a primeira faixa do álbum. “É uma música importante porque mostra a primeira impressão que as pessoas tiveram de mim”, diz Sonza. “As três primeiras palavras do álbum são as que mais ouvi ao longo dos últimos seis anos. Ouvi as pessoas me chamarem dessa forma de um jeito pejorativo. Imagine uma menina vinda do interior lidando com isso? Eu me apoderei dessas palavras que já me machucaram. Com isso, me senti mais forte e dona de mim.” DOCE 22 surgiu com a faixa “VIP *-*”, que conta com a participação internacional de 6LACK. A música é da mesma safra de “BRABA”, single lançado em 2020, mas o projeto engatou e ganhou a atual forma quando Sonza conheceu o DJ e produtor Douglas Moda. “Foi quando comecei a ter as ideias com ele, peguei as batidas e tudo mais.” O segundo álbum de Luísa Sonza é naturalmente pop e pode ser ouvido faixa por faixa, separadamente, ou destrinchado em playlists de diferentes intenções e gêneros musicais. Mas também pode ser apreciado como uma obra única, com começo, meio e fim. As faixas são divididas em lado A e lado B, da mesma forma como eram pensados os discos de vinil. “Essa era a inspiração!”, anima-se Sonza com a referência. Na primeira metade do álbum, as músicas têm nomes grafados com letras maiúsculas e estética mais dançante. Depois do interlúdio em “INTERlude :(”, as faixas apostam em batidas leves e versos introspectivos. “A Luísa completa é a união dos lados A e B, misturados. Fiquei pensando em como organizar isso para que as pessoas pudessem entender. Aí veio a ideia de usar esse conceito do vinil.” No centro de todo DOCE 22 estão os desabafos de Sonza, reunidos durante o ano em que ela teve 22 anos, como se fosse um álbum de fotografias. “Foi uma escolha falar sobre essas coisas”, ela explica. “A música ‘penhasco.’, para mim, é bem delicada, mas todas as músicas tiveram uma experiência que, no final, era necessária para mim.” E esse processo de colocar as angústias para fora, é claro, é aterrorizante, principalmente para uma artista ainda no início da sua jornada. “Foi bem assustador, mas essas letras meio que transbordaram de mim enquanto minha vida acontecia. Fui expelindo tudo pela música, pela poesia, pela produção, nos roteiros dos clipes”, diz Sonza. “E continuou sendo assustador, principalmente antes de lançar o álbum. Tinha medo de como as pessoas iriam reagir.” Como conta a própria Sonza, ela está de corpo e alma em DOCE 22. Além da composição das faixas e da produção musical do álbum, a artista assina o roteiro, a direção criativa e a codireção dos vídeos. Sonza propõe ao ouvinte experimentar essa montanha-russa de emoções que foi o ano dela, encerrada com a luxuosa participação de Lulu Santos na vibrante “também não sei de nada :D”. “DOCE 22 acabou me tornado mais forte. Me sinto mais completa como pessoa e como artista. Todo artista, enquanto não coloca toda a sua arte para fora, não consegue se sentir confortável. Eu não me sinto confortável com nada da minha vida, mas com a minha música eu me sinto assim pela primeira vez.”

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