The Fine Line Between Loneliness and Solitude

The Fine Line Between Loneliness and Solitude

Gustavo Bertoni, vocalista da banda Scalene, estava em Berlim para a gravação do terceiro álbum solo, com a produção de Lucas Mayer, quando decidiu avaliar o que viveu ao longo do ano de 2019 e colocar aqueles sentimentos em The Fine Line Between Loneliness and Solitude. “Este é um trabalho de autodescoberta, de ficar confortável sozinho, criado em um momento de pós-namoro”, ele explica. Em duas semanas, Bertoni e Mayer registraram um trabalho conectado ao folk, mas com timbres e texturas criados de forma artesanal, com experimentos e descobertas. Abaixo, Gustavo Bertoni apresenta o processo da criação das nove músicas que compõem o novo álbum: Chasm “O título da música vem da ideia de criar uma fenda. Procurei por um fenômeno que se relacionasse com o que senti quando comecei a imaginar esta introdução do álbum. Enviei áudios para os arranjadores sobre o que queria para esta música, de forma muito abstrata, e eles conseguiram criar exatamente o que eu estava sentindo. Esta introdução se conecta diretamente com a próxima música.” Waves “Uma das últimas faixas a serem feitas e a primeira, de fato, do álbum. ‘Waves’ sempre me pareceu boa para dar início a este trabalho porque sintetiza vários assuntos e abre várias frentes para temas que queria abordar aqui. Encontrei um dedilhado no violão que não tem uma origem de folk e isso ajudou a direcionar a música, porque queria mostrar o que vem por aí, um som familiar, mas com novos elementos.” Sit Down, Let's Talk “Ela apresenta um tema que permeia o disco. Comecei a olhar para a ideia da linha como uma metáfora sobre o limite das certezas. Uma linha que delimita e dá forma. Passava por um processo em que essas linhas estavam turvas, era um momento de redesenhá-las. Em um verso, canto que ‘não consigo ouvir meus pensamentos’. Tem pinceladas de impressionismo neste álbum, com sobreposições de cores e camadas, a ponto de que o instrumento fica descaracterizado. Por isso, quis passar isso em alguns momentos, com arranjos sobrepostos. Minha intenção era desligar a chave de reconhecer determinado som. Nosso cérebro reconhece a guitarra, então quis misturar essas camadas para que o ouvinte não saiba exatamente de onde vem o som.” Midnight Sun “Canto aqui sobre se reconectar com a minha própria intuição, sobre escutar a voz interior. Conforme encaramos a vida adulta, perdemos o contato com essa intuição. É sobre buscá-la novamente e confiar nela. Também canto sobre recomeçar, deixar quem você era para trás. Coincidentemente, a expressão ‘sol da meia-noite’ do título apareceu para mim sem que eu conhecesse o fenômeno real, fui até pesquisar. Os arranjos de cordas foram criados por Edu Canavezes (da banda Meu Amigo Tigre) e gravados por um quarteto de cordas da Osesp. Uma das minhas músicas preferidas do álbum e também uma das mais simples.” Mirror in the Room “Possivelmente, esta é a mais intimista do álbum. Eu realmente a escuto assim, ela sendo tocada em um quarto. Foi uma experiência legal para mim, como compositor, criá-la a partir do que eu via ao acordar em um quarto que não conhecia, com um violão que não era meu também. Eu estava me sentindo um borrão, e esta música traduz a sensação geral do álbum.” White Roses “O Lucas Mayer deu à música uma direção menos focada no violão, com sintetizadores. Uma música bem íntima, sobre a sinceridade, sobre experimentar e descobrir os novos formatos de relações humanas. São versos sobre aceitar o lado sombrio do outro, a bagagem, mostrar os espinhos do passado que cada um traz para que eles não machuquem e possam ser debatidos. A música também tem a participação da YMA, cujo trabalho eu curto e que já havia me chamado para participar de uma música dela.” Patience “Uma das primeiras músicas que compus, realmente mais folk, mais raiz mesmo. E trata de um diálogo comigo. Sobre querer estar sozinho, entende? De não querer fazer nada, não querer brigar, contar vantagem. Lidar comigo mesmo, olhar no espelho e entender as coisas que aconteceram, para que isso me ajudasse a ter fé em mim mesmo. Tem detalhes em piano do artista de jazz contemporâneo Kjetil Mulelid, que eu conheci em Berlim.” Alnes “Este é um interlúdio fruto de um encontro musical muito maneiro. Tentei fazer um improviso de jazz na música ‘Mirror in the Room’, mas não consegui. Chamei o Kjetil Mulelid para fazer isso e, por causa da participação dele na música, ele escutou ‘Patience’ e adorou. Por fim, depois, ele me enviou o que viria a ser ‘Alnes’.” Rabbit Hole “Não sei dizer se foi um processo racional, mas esta é a maior música do álbum no sentido de grandiosidade. É uma letra que passa uma sensação de despedida, uma das mais difíceis e vulneráveis. Chega ao fim com arranjos de metais. Ela amarra o conceito deste trabalho, que foi criado em um período relativamente curto e possui um mesmo tema, com cada música apresentando um ponto de vista diferente.”

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